O deputado Otoni de Paula (PSC-RJ) afirmou que o partido quer aproximação política por ter votado a favor de “quase 90% dos interesses do governo”

Durante café da manhã com o presidente Jair Bolsonaro nessa quarta-feira (24), integrantes da bancada do Partido Social Cristão (PSC) cobraram mais espaço no governo em troca do apoio que tem dado em votações de interesse do Planalto.
Após o encontro, o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ) afirmou que o partido quer “tratamento igualitário” do governo em relação a outras siglas, “já que o PSC votou quase 90% dos interesses do governo”.
O presidente, que já chamou as práticas do Centrão de “velha política”, recorreu a negociação dos cargos em ministérios e autarquias diante da crise, acentuada pelas investigações que apuram a suposta interferência na Polícia Federal e a prisão de Queiroz.
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Entre os indicados pelos partidos do Centão, formado por PP, PL, Republicanos, PTB, DEM, Solidariedade e PSD, estão alguns políticos investigados na Lava Jato.
Segundo o Estadão, Otoni afirmou que Bolsonaro está disposto a viabilizar cargos para o partido. O parlamentar acredita que o presidente conseguirá montar uma base de sustentação no Congresso, pois “está caminhando para a maturidade” política, “sem negociar seus valores”.
O balcão de negócios na distribuição de cargos ao Partido Social Cristão
Com nove deputados na Câmara, integrantes da bancada do PSC cobraram nesta quarta-feira, 24, mais espaço no governo em troca do apoio que tem dado em votações – cerca de 90%, segundo as contas dos parlamentares. A reivindicação foi feita por integrantes da legenda em café da manhã com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Fonte: Por Agência Estado.
Triste país de políticos (corruptos) mais interessados na distribuição do butim ou na fatia dos cargos do governo.
É a velha política em ação continuando a dominar a nação em busca de seu espaço para tungar o Erário através da nomeação de cupinchas para os caragos da República.
Não tem jeito. Renova-se o Parlamento, mas os vícios e as safadezas continuam impregnados no tecido político brasileiro. A alternativa seria, talvez, a instituição do voto facultativo, a candidatura avulsa sem vinculação partidária e a criação do voto distrital puro. Ressaltando-se que o voto obrigatório, uma excrecência democrática, é o responsável pela eleição e reeleição de políticos mequetrefes, bem como pela baixa qualidade dos políticos nacionais.
Este país vai de mal a pior. Sai o Lulismo e entra o Bolsonarismo com promessas falaciosas de combater a velha política, o toma lá, dá cá, a corrupção, mas logo em seguida, em busca de apoio político para não ser cassado, vai procurar o colo do Centrão, que o general de pijama Augusto Heleno cantarolou de ladrão.
Diferente do que pensam o deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP) e o senador Ciro Nogueira (PP-PI) não é nada natural sob a ótica da moralidade pública parlamentar ir reivindicar espaço no governo para obter cargos ou outros benefícios. Os interesses políticos, eleitorais devem respeitar os princípios republicanos. Os interesses partidários não podem se sobrepor aos interesses da República, aos interesses da coletividade social.
Votar as propostas positivas de qualquer governo é dever ético e moral do parlamentar comprometido com o fortalecimento e desenvolvimento do país. Condicionar apoio ao governo mediante a troca de interesses quaisquer é praticar a velha política que tanto tem denegrido a imagem dos congressistas e que o presidente Bolsonaro prometeu combater, mas decepciona ao procurar o Centrão.
Parlamentar que se preze tem de se preocupar apenas com as suas funções constitucionais no Legislativo e não ficar pressionando governos a distribuir cargos a quem quer que seja, pois este filme já é velho conhecido da corrupção política brasileira.
Assim, quando se presencia o governo reunir-se com representantes do PSC para negociar a distribuição de cargos, a cena nos remete a um bando de urubus disputando o seu pedaço de carniça na mesa da imoralidade.