
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participa neste sábado (12) de uma manifestação de motociclistas, sem usar máscara, a favor de seu governo em São Paulo. É a terceira vez que o presidente vai a uma “motociata”, aglomeração de pessoas em motos em meio à pandemia que já deixou quase meio milhão de mortos no país. Como o ato passou por algumas das principais vias expressas da capital paulista, provocou trânsito na cidade.
Os motociclistas se concentraram em torno da Praça Campo de Bagatelle, ao lado do Campo de Marte, na Zona Norte de São Paulo. Organizadores estimam que todo o caminho tenha mais de 100 km, um trajeto maior que os atos anteriores de que Bolsonaro participou, em Brasília e no Rio. Durante o percurso, Bolsonaro usou um capacete do tipo “coquinho”, em viseira e proteção para o queixo, o que é proibido para motociclistas e pode render multa grave.
O presidente chegou de helicóptero à motociata e desfilou, agarrado a um das portas de trás de um veículo, acenando para seus apoiadores, até chegar à sua moto. Ele estava acompanhado do ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas. Bolsonaro tem estimulado a entrada de Tarcísio na disputa eleitoral pelo governo de São Paulo. O ministro já declarou publicamente que não tem interesse. Segundo o jornal O Globo, o presidente pediu uma pesquisa para testar o nome do seu auxiliar entre os eleitores.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também esteve no local. Ele é investigado pela Polícia Federal, por suspeita de facilitar a atuação de madeireiros que atuam ilegalmente na Amazônia.
“Motociata” de Bolsonaro promove aglomeração
Antes de dar saída oficial à motociata, por volta das 10h, Bolsonaro promoveu aglomeração com seus apoiadores. Apertou a mão de alguns deles, abraçou outras para tirar fotos. Além de não respeitar o distanciamento social, muitos dos manifestantes não usavam máscaras, como recomendam médicos e autoridades sanitárias.
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Vestindo casacos camuflados e jaquetas de clubes de moto, os manifestantes devem percorrer um trajeto de mais de 100 quilômetros, passando por vias expressas, como a Marginal do Tietê e do Pinheiros e a Rodovia dos Bandeirantes. Os motociclistas vão até Jundiaí e devem terminar o percurso no Parque do Ibirapuera.
Máscaras de “fora, Doria”, bandeiras do Brasil e até um cartaz pedindo o ministro Tarcísio como governador de São Paulo estavam presentes na concentração. Apoiadores de Bolsonaro costumam fazer críticas a medidas tomadas pelo governador paulista para fechar o comércio como tentativa de reduzir a disseminação do coronavírus.
“Acelera Para Cristo”
O pastor Jackson Villar, organizador do evento, chamado oficialmente “Acelera Para Cristo”, parou para tirar fotos e dar entrevistas aos apoiadores. Ele atacou o governador João Doria (PSDB), de quem já sofreu um processo, e enalteceu Bolsonaro e Jesus Cristo.
— Um grande abraço a todos os comunistas. Estamos dando hoje um lockdown em São Paulo. Um lockdown pelo nosso Senhor Jesus Cristo — declarou a apoiadores.
Mais cedo, Bolsonaro participou de uma cerimônia num colégio militar próximo — o evento foi fechado à imprensa. Além de Tarcísio e Salles, outros ministros e parlamentares foram a São Paulo neste sábado. O ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) acompanhou o presidente na cerimônia militar, acompanhado dos deputados Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Hélio Lopes (PSL-RJ).
Recentemente, Bolsonaro tem feito uma série de acenos para a categoria dos motociclistas, na tentativa de aumentar sua base de apoio. No mês passado, o presidente prometeu conceder isenção de pedágio a motos nas próximas concessões de rodovias federais. A medida faria com que outros motoristas, como condutores de carros e caminhões, pagassem mais pelo pedágio, de acordo com concessionárias.
Com informações do jornal O Globo