
Eventos abertos e com muito contato com a população. Assim foram as agendas de férias de Jair Bolsonaro (sem partido). O presidente gastou cerca de 90% das despesas oficiais com viagens durante a pandemia com agendas que tiveram aglomerações.
Pelo menos R$ 16,6 milhões, de um total de R$ 18,4 milhões gastos com deslocamentos, bancaram idas a eventos em que o chefe do Executivo contrariou as recomendações de enfrentamento ao coronavírus.
Desse total, as viagens mais caras, entre março do ano passado e o mesmo mês deste ano, foram para folgas nas praias de Guarujá (SP) e São Francisco do Sul (SC), que somaram R$ 3,5 milhões.
O deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) denunciou em maio que Bolsonaro gastou quase dois milhões de reais durante o feriado de carnaval deste ano, em fevereiro. A denúncia do parlamentar socialista teve desdobramentos, como a nova contabilidade dos gastos da presidência, com foco em eventos que causaram aglomeração.
Viagens para conter queda da popularidade
Pressionado pela queda de popularidade, Bolsonaro intensificou agendas fora de Brasília mesmo na crise sanitária. Ele disse a apoiadores na quinta-feira (3) que planeja duas saídas por semana.
Uma viagem de dois dias pelo interior paulista, em setembro de 2020, custou R$ 820 mil. Sem máscara, contrariando decreto estadual, o presidente atraiu dezenas de pessoas em Eldorado (SP), cidade onde passou parte da infância e da adolescência.
No mesmo passeio, Bolsonaro fez uma visita relâmpago ao posto da PRF (Polícia Rodoviária Federal) de Registro (SP). À beira da estrada, ele vestiu o boné dos policiais e acenou aos motoristas por cerca de uma hora.
O presidente ainda dispensou máscara e o distanciamento em viagem ao Ceará, que custou cerca de R$ 400 mil, em fevereiro deste ano, no momento de alta da crise sanitária.
Viagens servem de palanque para 2022
“Não reclamo das dificuldades. Sofro ataques 24 horas por dia. Mas entre esses que atacam e vocês, vocês estão muito na frente. Não me vão fazer desistir porque, afinal de contas, eu sou imbrochável”, discursou, no município de Tianguá.
Em Breves (PA), em outubro do ano passado, o presidente também se aglomerou com apoiadores. A viagem custou R$ 540 mil. O presidente desembarcou no município no fim do dia e voltou a Brasília no começo da tarde seguinte.
Já as idas a eventos ou instalações militares na crise sanitária custaram mais de R$ 2,5 milhões.
A mais cara destas viagens (R$ 382,9 mil) foi ao Rio de Janeiro, em 14 de agosto, para inaugurar uma escola cívico-militar, acompanhar a passagem do Comando Militar do Leste e visitar o Batalhão de Operações Especiais da PM, o Bope.
Os valores das viagens feitas até o começo de março deste ano foram divulgados pela SGPR (Secretaria-Geral da Presidência), por meio da Lei de Acesso à Informação.
Procurado, o Palácio do Planalto não se manifestou sobre essas despesas.
Com informações da Folha de S.Paulo