
A população respondeu com um sonoro panelaço o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, em rede nacional de TV, na noite dessa terça-feira (25).
O barulhaço foi registrado em pelo menos nove capitais, acompanhados de gritos de “Fora, Bolsonaro“. Ele criticou o fechamento de escolas e comércio, além de atacar medidas de mitigação da pandemia de coronavírus adotadas por estados e municípios.
Também houve reações no mundo político. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou que o pronunciamento foi grave e cobrou uma liderança “séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população”.
Agindo na contramão de líderes mundiais e contra as orientação de autoridades sanitárias, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de seu próprio Ministério da Saúde, Bolsonaro ainda citou a cloroquina como um possível remédio para o coronavírus.
Resfriadinho
Contrariando o cenário mundial de crise sanitária, Bolsonaro afirmou que a imprensa é responsável por disseminar “histeria” sobre a doença e disse que, por seu histórico de atleta, não sentiria nada caso pegasse o coronavírus. “Quando muito, seria acometido de uma gripezinha, ou resfriadinho”
Reafirmou necessidade de conter o “o pânico e histeria e, ao mesmo tempo, traçar a estratégia para salvar vidas e evitar o desemprego em massa”. Segundo ele, essa tarefa foi cumprida “quase contra tudo e contra todos”.

O presidente acusou a imprensa de espalhar “a sensação de pavor, tendo como grande carro-chefe o grande número de vítimas na Itália, um país com um grande número de idosos e com um clima totalmente diferente do nosso”. Disse ainda que, “Contudo, percebe-se que de ontem para hoje parte da imprensa mudou seu editorial. Pede calma e tranquilidade. Isso é muito bom. Parabéns imprensa brasileira, é essencial que o equilíbrio e a verdade prevaleçam entre nós”.
Embora tenha negado a importância de ações, e recomendações, tecnicamente embasadas pelo Ministério da Saúde, Bolsonaro elogiou as ações do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no planejamento estratégico de esclarecimento e atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).
Jair Bolsonaro disse ser um exemplo de saúde e que caso contraísse o coronavírus, ele não sentiria nenhum efeito dado o seu histórico de atleta.
Vale lembrar que Bolsonaro completou 65 anos no último sábado e faz parte do grupo de risco da enfermidade. Além disso, ele fez viagem aos EUA com pelo menos 23 pessoas que receberam diagnóstico positivo para a doença.
Atualmente mais de 100 países mantêm escolas fechadas como medida de isolamento social.
No pronunciamento, Bolsonaro ainda citou estudos feitos pelos Estados Unidos e no Brasil com o uso da cloroquina no tratamento da covid-19.
Panelaços contra Bolsonaro foram registrados em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Aracaju, Salvador, Recife, Curitiba, Fortaleza e Porto Alegre.