
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entrou em campo para apaziguar os ânimos entre os ministros Paulo Guedes (Economia) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia). As informações são da coluna de Bela Megale, no jornal O Globo. Na quarta-feira (26), Bolsonaro enviou mensagens para os dois integrantes do governo com o objetivo de colocar fim à desavença. Auxiliares do presidente relataram à coluna que Bolsonaro não gostou nada do atrito entre membros do primeiro escalão do governo vir à tona e decidiu colocar panos quentes na situação.
Em uma reunião de Guedes com deputados, o chefe da pasta da Economia disse que considerou “burrice” o baixo empenho de recursos de um fundo de pesquisa pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, chefiado pelo ex-astronauta Marcos Pontes. Guedes argumentou que, ao não usar o dinheiro, a pasta fez uma “confissão” de que a utilização daquela quantia não estava entre as suas prioridades.
As declarações do ministro da Economia foram dadas a integrantes da Comissão de Ciência e Tecnologia e antecipadas pelo jornal “Folha de S. Paulo”. Bolsonaro se manifestou em um evento em Manaus, nesta quarta-feira, em defesa de Pontes e disse que o ministro “tem muitas virtudes, um cérebro privilegiado”. Guedes, que havia chamado a atitude do colega de “burrice”, afirmou a aliados que não viu problemas na fala de Bolsonaro e que o presidente costuma se manifestar a favor de se sente atacado.
Apesar da atuação de Bolsonaro, integrantes do Palácio afirmam que não há nenhum clima para Guedes e Pontes sentarem à mesma mesa.
Entenda o caso
O ministro da Economia, Paulo Guedes, chamou o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, de “burro” durante reunião que discutia os R$ 600 milhões de recursos retirados da pasta.
No encontro, que tinha deputados da base e da oposição, ele também afirmou que “às vezes se pergunta” o que está fazendo no governo.
Segundo a coluna Painel, da “Folha de S. Paulo”, Guedes disse que há muita incompetência na gestão do dinheiro público, que os ministros não executam os recursos que estão disponíveis e que deixam valores parados, sem utilização.
O nome de Pontes não foi citado, apenas o apelido de “astronauta”. De acordo com relatos, ele deu a entender que o colega de Esplanada vive no “espaço” e não entende nada de gestão.
Guedes também disse que pode conversar para devolver o dinheiro cortado do Ministério da Ciência, mas especificou que não negociará com o “astronauta”, apenas com técnicos que entendam do assunto.
Sob ameaça recente de demissão após uma debandada de quatro secretários do ministério, Guedes mencionou que tentaram derrubá-lo recentemente e que a todo momento tentam culpá-lo pelos fracassos do governo.
O ministro afirmou que “não é político, nem nunca foi” e que quem decide para onde vai o dinheiro é a Casa Civil, comandada por Ciro Nogueira (PP-PI), que disse ser responsável por colocar ou tirar recursos das pastas.
Guedes também criticou o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, dizendo que o colega teve um “piripaque” em julho, logo após perder parte de seu orçamento. Naquele mês, Marinho passou por uma cirurgia de coração.
Outro alvo de Guedes foi Onyx Lorenzoni, ministro do Trabalho. Guedes concordou com a fala de um parlamentar de que Onyx gastou dinheiro apenas com “campinhos de futebol”, se preocupando somente em distribuir troféus em campeonatos esportivos ao invés de pensar prioridades.
O único colega que recebeu elogios foi Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, que Guedes usou de exemplo como um ministro que investe na área logo que recebe recursos.
Com informações do Jornal O Globo