
Por Lucas Rocha
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Marcelo Queiroga, da Saúde, protagonizaram mais uma cena insólita durante a cúpula do G-20, neste domingo (31). Durante conversa com o secretário-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, a dupla debochou das acusações de genocídio que pesam sobre Bolsonaro e ironizou a acusação apresentada ao Tribunal Penal Internacional (TPI), de Haia.
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“Sou o único chefe de Estado do mundo investigado e acusado de genocida. É a política, né…”, disse Bolsonaro ao diretor da OMS. O mandatário foi acusado de 9 crimes, incluindo três crimes contra a humanidade, no relatório final da CPI da Pandemia . Veja vídeo divulgado pelo jornalista Murilo Fagundes, do Poder360, no fim da matéria.
Na sequência, o ministro Marcelo Queiroga debochou do Tribunal de Haia. “Eu também. Vou com ele para Haia. Passear lá em Haia”, disse. A CPI entregou o relatório final ao TPI em razão da ausência de legislação no Brasil para o julgamento de crimes contra a humanidade.
Durante a conversa, Bolsonaro ainda criticou a vacinação em adolescentes, dizendo que estaria seguindo orientação da OMS. Tedros se manteve em silêncio.
Em publicação feita no Twitter, o secretário da OMS disse que discutiu com Bolsonaro “o potencial do Brasil para a produção local de vacinas e medicamentos, o que também poderia atender às necessidades da América Latina e do mundo”.
CPI acusou Bolsonaro de 9 crimes
Na terça-feira, o relatório final da CPI, aprovado por 7 votos a 4, solicitou o indiciamento de 78 pessoas e duas empresas (Precisa Medicamentos e VTC Log). O texto foi entregue à Procuradoria-Geral da República (PGR), ao Supremo Tribunal Federal (STF) e será enviado ao Tribunal Penal Internacional, de Haia.
Os crimes imputados a Bolsonaro no relatório final da CPI são: crime de epidemia com resultado de morte (até 30 anos de prisão); infração de medidas sanitárias preventivas (até 1 ano de prisão); charlatanismo (até 1 ano de prisão); incitação ao crime (até 6 meses de prisão); falsificação de documento (até 5 anos de prisão); emprego irregular de verba pública (até 3 meses de prisão); prevaricação (até 1 ano de prisão); e crimes contra a humanidade (até 40 anos de prisão).
Há três modalidades de crimes contra a humanidade listadas: extermínio, perseguição e outros atos desumanos. Essa extensa lista de crimes pode levar Bolsonaro a 78 anos e 9 meses de prisão, segundo o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), vice-presidente da CPI.