
Referência na área da saúde, o médico cancerologista Drauzio Varella culpou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pela disseminação dos casos da Covid-19 no Brasil e pelo avanço no número de mortes no país.
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Em artigo publicado na Folha de S.Paulo na tarde do sábado (30), Varella questionou a postura do presidente frente às medidas protetivas adotadas durante a pandemia e afirmou que ela contribuíram para vitimar “milhares de pessoas com faixa etária distintas”. Até este domingo (31), país contabiliza 223 mil mortes pela doença.
“No Brasil, o presidente da República contraindicou com veemência essas recomendações. O argumento foi o de que elas destruiriam a economia e matariam de fome um número maior de brasileiros, do que a doença seria capaz de fazê-lo”, diz Varella em um trecho do artigo.
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Na visão do médico, o real sentido de proteger a economia teria sido o incentivo para que brasileiros saíssem de casa apenas para trabalhar, desde que com o uso de máscaras e que evitassem possíveis aglomerações, “mas não foi isso que aconteceu e nem é o que acontecerá”.
“Considerei, no entanto, a possibilidade de que o empenho presidencial na defesa de estratégias para manter os empregos pudesse ter alguma lógica, hipótese abandonada quando o vi pela primeira vez sem máscara promovendo aglomerações, para delírio de apoiadores fanáticos. Se estivesse interessado em proteger a economia, de fato, qual o sentido de incentivar a adoção de comportamentos que disseminam o vírus? Por que razão não diria aos brasileiros: saiam de casa para trabalhar, mas usem máscara e evitem aglomerações?, questiona a seguir.
Apesar de declarar que Bolsonaro não é o único culpado, o médico alega que pela natureza do cargo que ocupa, o presidente deu mau exemplo à população brasileira.
“Ele é o único culpado? É claro que não, a culpa é de muitos, especialmente dos egoístas estúpidos que se aglomeram sem máscara nos bares e nas festas. No entanto, pela natureza do cargo que ocupa, os absurdos que fala e a indignidade dos exemplos que dá, o presidente da República tem sido o grande responsável pela disseminação da epidemia. Não é por acaso que somos o segundo país com o maior número de mortes”, escreveu.
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