
O presidente Jair Bolsonaro é o segundo chefe de estado que mais fez trocas de ministros em seus primeiros dois anos de mandato desde a redemocratização. Foram 14 mudanças de ministros em 24 meses de governo. A ex-presidente Dilma Rousseff segue em primeiro lugar, com 17 substituições no mesmo espaço de tempo.
O levantamento foi feito por meio da análise do governo dos ex-presidentes, presente na Biblioteca da Presidência da República. Comparando os dois anos de cada governo e as trocas realizadas, este é o ranking dos seis presidentes mais propensos a mudanças:
- Dilma Rousseff (PT): 19 trocas (2011 a 2013)
- Jair Bolsonaro (Sem partido): 14 trocas (2018 a 2020)
- Luiz Inácio Lula da Silva (PT): 9 trocas (2003 a 2005)
- Fernando Collor (PRN): 5 trocas (1990 a 1992)
- Fernando Henrique Cardoso (PSDB): 4 trocas (1995 a 1997)
- José Sarney (PDS): 4 trocas (1985 a 1987)
Em entrevista à CNN, o cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), William Nozaki, explicou que as trocas são motivadas pelo chamado “presidencialismo de coalizão”. Ou seja, para conseguir caminhar com as suas pautas no Congresso, o poder Executivo depende de uma base coesa no Congresso Nacional. Desta maneira, há diversas trocas ministeriais para que os partidos aliados do governo tenham uma pasta para chamar de sua.
“As trocas são resultado do presidencialismo de coalizão. Da promulgação do estado democrático de direito em 88 até os dias de hoje, o número de partidos políticos vem aumentando. Isso causa uma dispersão da base de apoio do executivo tornando o processo mais complexo para acomodar tantos interesses”, explica o Nozaki.
Estabilidade
O professor também ressalta que os mandatos com maior estabilidade entre o chefe do Executivo e a base parlamentar, tendem a efetuar menos trocas.
“Podemos observar que os dois governos que mais fizeram trocas (Dilma e Bolsonaro) são aqueles em que o chefe do Executivo possuía ou possui uma relação mais instável com a base parlamentar”, enfatiza Nozaki.
É bom lembrar que o atual governo tem menos cargos de primeiro escalão à disposição em comparação aos governos anteriores. São 23 pastas, contra 27 durante o mandato de Michel Temer (MDB), 35 de Dilma Rousseff (PT) e 35 de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por exemplo.
A redução foi obtida por meio de fusões e alterações de competências — como no caso do Ministério da Cultura, que virou uma Secretaria Especial vinculada ao Ministério da Cidadania e hoje integra o Ministério do Turismo.
O maior exemplo de “fusão” foi o Ministério da Economia, que é atualmente o resultado da junção de quatro ministérios: Fazenda, Planejamento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços e parte do Trabalho.
Com informações do CNN