
Nesta terça-feira (3), dia marcado pela eleição presidencial dos Estados Unidos, Jair Bolsonaro (sem partido) publicou um texto nas redes sociais comentando a corrida eleitoral norte-americana, no qual ele cita a possibilidade de uma “interferência externa” no Brasil.
Sem deixar claro a quem estava se referindo, Bolsonaro também insinuou interesses estrangeiros na Amazônia, afirmando que o “domínio” da floresta faz parte da estratégia de alguns países para garantir sua segurança alimentar.
Na mensagem, o mandatário não chega a fazer referências diretas ao presidente Donald Trump – para quem o brasileiro já declarou apoio e torcida –, e nem ao seu adversário, Joe Biden, já criticado por Bolsonaro após uma declaração do democrata sobre a proteção da Amazônia, no primeiro debate entre os dois candidatos na TV americana.

Avanço da esquerda preocupa Bolsonaro
Nela, no entanto, o brasileiro ressalta que as eleições estadunidenses “despertam interesses globais” e que, por isso, “há sempre uma forte suspeita da ingerência de outras potências” no resultado das urnas. Em seguida, afirma que no Brasil “em especial pelo seu potencial agropecuário, poderemos sofrer uma decisiva interferência externa, na busca, desde já, de uma política interna simpática a essas potências, visando as eleições de 2022”.
Depois, o presidente afirma que é preciso entender por que “e por ação de quem, a América do Sul está caminhando para a esquerda”, em referência às eleições de Alberto Fernández, na Argentina, e de Luis Arce, na Bolívia.
“Nosso bem maior, a liberdade, continua sendo ameaçado. Nessa batalha, fica evidente que a segurança alimentar, para alguns países, torna-se tão importante e aí se inclui, como prioridade, o domínio da própria Amazônia”, conclui o presidente.
“Vai dar Trump ou Biden?”
O tema voltou à pauta presidencial na manhã da terça também durante uma conversa com apoiadores reproduzida em um perfil de apoio ao presidente no YouTube. “Vai dar Trump ou Biden?”, perguntou Bolsonaro.
Um dos apoiadores disse que “tem que dar, né, presidente?”. Bolsonaro, então, respondeu: “Não vou nem responder. E tem gente que acha que o Brasil está livre de problemas. Cheio de estrategista político por aí”, disse.
Recomendação da diplomacia
Apesar da torcida pela reeleição de Trump, a recomendação de diplomatas e assessores próximos a Bolsonaro é que ele espere a declaração de um resultado oficial da disputada eleição norte-americana desta terça-feira para se manifestar, disseram à Reuters duas fontes que acompanham o tema.
Acompanhando de perto o rito eleitoral do país, Bolsonaro ainda esteve na manhã da terça com o ministro das Relações Exteriores. Ernesto Araújo, o assessor para assuntos estratégicos da Presidência, almirante Flávio Rocha, e com o assessor internacional da Presidência, Filipe Martins, para analisar o cenário norte-americano e definir a estratégia de reação ao resultado.
A recomendação feita, de acordo com uma das fontes, é que, dado ao cenário imprevisível da eleição, o presidente brasileiro se abstenha de cumprimentar um vencedor antes do anúncio do resultado oficial, o que deve levar alguns dias, mesmo que um deles, Trump ou o democrata Joe Biden, se declare vencedor.
Com informações do jornal O Globo, UOL, Reuters e Terra