Na terça-feira (2), em live, Bolsonaro afirmou que manifestantes contra seu governo são idiotas, marginais e viciados

A estratégia de Jair Bolsonaro (sem partido) de diferenciar atos da oposição das manifestações semanais de seus apoiadores ganhou força em live na última terça-feira (2). Seguindo a mesma linha do presidente estadunidense Donald Trump, ele também chamou o movimento antifascista de “terrorista”.
Em uma outra live já nesta quinta (4), Bolsonaro buscou incitar o ódio dos seus apoiadores contra os manifestantes, afirmando que “este pessoal antifa, o novo nome dos blackblocs, quer roubar a tua liberdade”. No entanto, o presidente voltou a pedir que seus apoiadores não saiam às ruas no domingo (7), data marcada para a manifestação contra o seu governo.
Falando ao “pessoal de verde e amarelo, que é patriota”, afirmou: “Não vá, que esse pessoal não tem nada a oferecer para nós. Bando de marginais. Muitos ali são viciados. Outros ali têm costumes que não condizem com a maioria da sociedade brasileira. Eles querem o tumulto, querem o confronto”.
O presidente também incentivou os pais a controlarem seus filhos e não os deixarem participar das manifestações contrárias ao Planalto.
“Filho da gente pode errar. Mas, quem for possível exercer o controle em cima dos filhos, exerça para não deixar o filho participar de um movimento como esse. Alguns vão dizer que eu estou cerceando a liberdade… Isso não é liberdade de expressão, o cara vai para o quebra-quebra. E vai ter muito garoto desse usado como massa de manobra, idiota útil. Vai estar lá a comando de um agitador profissional. Fez curso fora do Brasil. Olha o que fizeram no Chile”, disse Bolsonaro.
As críticas aos manifestantes foram feitas diversas vezes na transmissão, que durou quase uma hora. Suas falas têm deixado claro que, caso o ato seja marcado por violência, Bolsonaro usará esse argumento para afrontar seus opositores.
Visita ao secretário de Segurança Pública
Nessa quinta-feira (4), três dias antes da data marcada para a manifestação, Bolsonaro visitou o secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres. O encontro não estava previsto na agenda oficial do presidente.
Em um rede social, o secretário Anderson Torres afirmou que entre os assuntos tratados, estava a segurança pública do DF. O Palácio do Planalto não esclareceu os detalhes do encontro.
Partidos pedem que manifestantes recuem
Após o presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirmar que “não é hora de tomar as ruas”, os líderes das bancadas do PDT, PT, Cidadania e PSD no Senado também se manifestaram dizendo avaliar que não é o momento dos atos.
Os parlamentares afirmam, entretanto, que a mobilização para atos pró-democracia “aqueceu nossos corações de esperança” de que a população brasileira tenha percebido que “a política da Presidência da República tem sido devastadora ao país e aliada do coronavírus”.
A oposição também afirmou temer que eventuais confrontos com a Polícia Militar sejam usados pelo governo Bolsonaro como pretexto para ações antidemocráticas.
Com informações da Folha de S. Paulo e do G1.