
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cortou o dinheiro que seria utilizado para a modernização de um sistema que identifica crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. Quase R$ 7 milhões que o Conselho de Controle e Atividades Financeiras (Coaf) investiria no Sistema de Controle de Atividades Financeiras (Siscoaf) foi zerada pelo presidente na sanção do Orçamento 2021.
É por meio da plataforma que o Coaf identifica transações suspeitas no sistema financeiro, faz a análise dos dados e informa as movimentações passíveis de investigação para a Polícia Federal, Receita Federal e Ministério Público. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
‘Bolsolão’ está ligado a cortes no combate à corrupção
O líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), não descarta a relação entre as revelações do Bolsolão – um orçamento secreto de R$ 3 bilhões em troca de apoio do Congresso – e o corte de recursos justamente para o combate à corrupção e lavagem de dinheiro.
Cortes no combate à corrupção
Pela proposta inicial do Orçamento para 2021, seriam R$ 6,7 milhões destinados para atualizar o sistema. Durante a tramitação no Congresso Nacional, os parlamentares reduziram o valor para R$ 6 milhões. Ao sancionar o texto, Bolsonaro zerou o investimento. Tudo em acordo com parlamentares.
As atualizações, de acordo com o Coaf, são necessárias devido aos avanços tecnológicos. A modernização foi iniciada em 2013 e a previsão era concluir o processo este ano, o que não deve ocorrer devido ao corte.
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Coaf identificou rachadinhas
Foi o Coaf que, em 2018, identificou a movimentação atípica de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), na época em que era deputado estadual. Filho do presidente da República, o senador nega a existência do esquema de “rachadinhas” em seu gabinete.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) acredita que Flávio Bolsonaro tenha lavado mais de R$ 2 milhões desviados dos salários de 12 funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Para dar ares de legalidade ao dinheiro desviado, o senador teria usado uma loja de chocolates na capital fluminense e transações imobiliárias para tentar justificar os valores. Ele nega os crimes.
Em março, Flávio Bolsonaro tentou impedir que o Coaf compartilhasse as suas movimentações suspeitas com o MPRJ. Mas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou recurso da defesa do senador.
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