
Nesta sexta-feira (1º) é celebrado o Dia da Mentira. Contudo, nas redes socias, a tradicional data de brincadeiras e invencionices ganhou um novo nome: #BolsonaroDay. No Twitter, internautas usaram o dia para relembras todas as mentiradas do presidente da República, Jair Bolsonaro, durante seu mandato. A ação nas redes sociais está sendo promovida pela ‘Campanha Nacional Fora Bolsonaro’.
Até agora, em 1.185 dias como presidente, Bolsonaro já deu 5.145 declarações falsas ou distorcidas, segundo o site de checagem Aos Fatos.
Os usuários citam algumas frases ditas pelo presidente que foram contestadas ou até mesmo desmentidas. Um dos assuntos mais comentados pelos opositores é a questão da pandemia de Covid-19, em que o presidente negou a gravidade do vírus, defendeu medicamentos sem eficácia para tratar a doença e recusou a compra de diversas vacinas utilizadas pelo mundo.
“Bom dia! Hoje é dia de homenagear o maior mentiroso do Brasil. Parabéns, Jair Bolsonaro! #BolsonaroDay”, escreveu o senador Humberto Costa (PT-PE). A página Quebrando o Tabu também usou o dia da mentira para desmascarar o presidente. “Sabe por que o dia da mentira pode ser chamado de #BolsonaroDay? Joga no Google “Bolsonaro mente” e descobre… O Bolsonaro mente sobre kit gay, rachadinha, meio ambiente, vacinas, máscaras, urnas eletrônicas…difícil achar um assunto em que ele não mente”, tuitaram.
Uma das frases mais repetidas é que em seu governo não há corrupção. “Três anos e três meses em paz nessas questões [corrupção]”, disse o presidente 191 vezes. Frequentemente, funcionários da gestão são alvos de denúncias e investigações sobre casos de corrupção e outros crimes relacionados à administração pública.
No caso mais recente, o agora ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, é investigado por um suposto esquema corrupção dentro da pasta envolvendo a distribuição de verbas para prefeituras intermediada por pastores.
Mentiradas de Bolsonaro
Entre as falsidades do mandatário relembradas pelos usuários está a de que “Bolsonaro mentiu que abaixaria os preços. Em uma transmissão feita em seu canal do Facebook, em 2018, ele prometeu que, caso fosse eleito presidente, o botijão de gás custaria R$ 30,00 #BolsonaroMentiroso”, disse um usuário no Twitter.
O preço médio da gasolina ultrapassou os R$ 7 por litro em 24 dos 27 estados brasileiros em março deste ano. O dado consta da primeira pesquisa de preços de combustíveis divulgada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) com valores apurados após a Petrobras reajustar o custo dos produtos vendidos pela estatal a distribuidores. A Petrobras aplicou aumento de quase 19% na gasolina e 25% no diesel produzidos em suas refinarias no último dia 11.
A pesquisa de preços mais recente da ANP leva em conta valores apurados em postos de combustíveis entre os dias 13 e 19 de março, ou seja, já após o aumento. De acordo com o levantamento, a gasolina comum só tem preço médio abaixo de R$ 7 no Amapá (R$ 6,279), no Rio Grande do Sul (R$ 6,975) e em São Paulo (R$ 6,867).
Em outro post, um internauta comenta que “tem muita gente que não sabe porque a gasolina está cara porque vê na televisão o presidente mentiroso dizendo que é por causa da guerra da Ucrânia. É mentira”.
No Brasil, o preço dos combustíveis é baseado pela política de preços paritários de importação (PPI), por meio da qual os valores são determinados de acordo com os preços praticados no mercado internacional, ou seja, em dólar. Com isso, a estatal abriu mão de controlar diretamente o preço desses produtos no país, evitando variações inflacionárias, para determiná-lo de acordo com o preço do mercado internacional.
Os internautas também relembraram o Golpe Militar de 1964, que completa 58 anos entre esta quinta (31) e sexta-feira (1º), defendido de forma contumaz por Bolsonaro e seus aliados.
“Bolsonaro diz que não houve um golpe militar no Brasil. Mas o fato é que em 1964, o presidente João Goulart, legitimamente eleito, foi deposto por um golpe, e substituído, à força, por uma ditadura militar que durou 24 anos. #BolsonaroMentiroso”, publicou um perfil do Twitter.
O presidente também “engrossou o caldo das mentiras” relacionadas à economia brasileira em 2021. A principal delas, que segundo o Aos Fatos foi repetida 58 vezes, foi a de que o país criou mais empregos formais em 2020 do que no ano anterior.
No final de 2021 uma revisão de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontou não o aumento, mas a perda de 191.500 vagas no mercado de trabalho em 2020.
Leia também: Brasil tem 14,8 milhões de desempregados, aponta IBGE
O chefe do Executivo deu também 145 declarações falsas ou distorcidas a respeito das eleições. Esta motivou uma das maiores crises do seu governo, envolvendo sua pressão pelo chamado “voto impresso”. Apesar de afirmar 27 vezes que não há a possibilidade de auditagem dos votos, Bolsonaro não comprovou nenhuma vez suas crenças. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também desacreditou a fala.
História
O Dia da Mentira, também conhecido como Dia das Mentiras ou Dia dos Tolos, é uma celebração anual em alguns países europeus e ocidentais. Comemorada em 1 de abril, a data é marcada pelas brincadeiras e pegadinhas. De acordo com históriadores, a sua origem foi em 1564, depois da adoção do calendário gregoriano, o rei Carlos IX de França determinou que o ano novo seria comemorado no dia 1 de janeiro.
Alguns franceses resistiram à mudança e continuaram a seguir o calendário antigo, pelo qual o ano se iniciaria a 1 de abril. Com isso, pessoas passaram então a ridicularizá-los, a enviar presentes esquisitos e convites para festas que não existiam. Essas brincadeiras ficaram conhecidas como plaisanteries.
No Brasil, o primeiro de abril começou a ser difundido em Minas Gerais, onde circulou A Mentira, um periódico de vida efêmera, lançado no 1º de abril de 1828, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte. A Mentira saiu pela última vez a 14 de setembro de 1849, convocando todos os credores para um acerto de contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente.