
Nos primeiros seis meses de sua administração, o presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, avançou num dos itens mais caros da agenda trumpista, do antecessor republicano Donald Trump. Eleito sob a bandeira de combate às mudanças climáticas, Biden entregou cerca de 2,5 mil licenças para a perfuração e extração de combustíveis fósseis, das quais pouco mais de 2,1 mil foram autorizadas já durante a administração do político do Partido Democrata – que tomou posse no dia 20 de janeiro de 2021.
Durante sua campanha presidencial, Biden assegurou que seu governo teria entre suas prioridades a busca por uma política de diminuição das emissões de gases e a promoção do uso de energia limpa, abandonando os chamados “combustíveis fósseis”, para tentar reverter as consequências da crise climática no planeta.
Os números são de um levantamento realizado pela agência Associated Press, baseados em números oficiais da Secretaria do Interior estadunidense. O mesmo informe afirma que, considerando as solicitações pendentes e o ritmo de aprovação das autoridades nos últimos meses, o ano de 2021 poderia terminar com 6 mil novas perfurações autorizadas. Para encontrar cifras parecidas a essas no Estados Unidos, seria preciso regressar ao governo de George W. Bush, há 14 anos atrás.
Esses números significam uma contradição enorme, não só no discurso de campanha de Joe Biden como também na política que ele apresenta, ao menos oficialmente. O mandatário assumiu o poder assegurando que as políticas para reverter as mudanças climáticas seriam uma de suas prioridades, e para isso criou um cargo especial para tratar desses assuntos e colocou nele um dos políticos mais experientes do Partido Democrata: o ex-secretário de Estado John Kerry, que a imprensa local rapidamente apelidou de “czar do clima”.
Biden, assim como Kerry, vieram a público pressionar o governo de Jair Bolsonaro contra os índices de desmatamento da Amazônia, pressionada pela atividade ilegal nos territórios protegidos, como o garimpo ilegal em terras indígenas.
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Mas, o próprio levantamento da Associated Press, contém análises de especialistas estadunidenses afirmando que a administração de Biden simplesmente manteve a tendência iniciada durante a gestão do ex-presidente Donald Trump, que reduziu o tempo necessário para revisar os pedidos de exploração.
O levantamento mostra que durante as primeiras semanas de governo de Biden, o ritmo de pedidos aceitos diminuiu graças a um pedido temporário do presidente. No entanto, ele foi retirado pouco tempo depois, fazendo com que os números mensais ultrapassassem os da maior parte da administração de Trump.
A revelação dessas autorizações causou revolta em vários ativistas ambientais em todo o mundo, como a jovem ambientalista sueca Greta Thunberg, quem afirmou em sua conta de Twitter que, com este ritmo de novas explorações de jazidas de combustíveis fósseis, “não estamos apenas subsidiando a crise climática e ecológica, estamos acelerando o processo”.
Outros ativistas também criticaram Biden e o acusaram de fazer promessas vazias a respeito das políticas contra a crise climática, que não estão sendo corroboradas em suas ações como presidente.
Com informações da Carta Maior