
Após o vazamento do pedido de ajuda feita por Jair Bolsonaro (PL) ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para derrotar Lula (PT) nas eleições – visto como alta traição ao país por muitos -, um porta-voz oficial da Casa Branca afirmou à BBC News ter “total confiança” no sistema eleitoral do país. O pedido foi feito na última semana, durante a Cúpula das Américas, em Los Angeles.
“Falando amplamente, temos total confiança no sistema eleitoral do Brasil. Em uma democracia consolidada como a brasileira, esperamos que os candidatos respeitem o resultado constitucional do processo eleitoral”, afirmou esse porta-voz.
Bolsonaro tenta se esquivar do que foi, no mínimo, uma vergonha internacional.
“Não existe isso aí. Teve uma reunião bilateral ampliada, com 20 pessoas presentes, 30 minutos de conversa e depois pedi uma reservada com Joe Biden. O que nós tratamos ali é reservado, cada um pode falar o que bem entender. Agora, (a Bloomberg) não cita fontes, ‘segundo tal pessoal’. O que eu conversei com o Biden não sai de mim, nem do (ministro das Relações Exteriores) Carlos França. É especulação”, disse Bolsonaro, em entrevista à rádio CBN Recife.
Mas, a história é bem diferente do que foi relatada à Bloomberg por fontes da Casa Branca que acompanharam o encontro.
Os primeiros minutos da conversa foram abertos à imprensa. Em dado momento, Bolsonaro seguiu em seus ataques ao sistema eleitoral do país.
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“Nós queremos eleições limpas, confiáveis e auditáveis, para que não haja nenhuma dúvida após o pleito”, afirmou usando os argumentos de suspeição sem qualquer prova contra o sistema eleitoral do país.
Biden manteve a postura de confiança no sistema de votações do Brasil, mas ao final e aceitando quebrar o protocolo a pedido de Bolsonaro, e juntou ao mandatário brasileiro reservadamente. Junto aos dois, apenas um tradutor e dois chefes de política exterior de cada país.
De acordo com a Bloomberg, Bolsonaro afirmou que Lula é “um esquerdista radical” e “contrário aos interesses americanos”. Como resposta, Biden apenas mudou de assunto.
A BBC questionou a Casa Branca, o Departamento de Estado e o Conselho de Segurança Nacional dos EUA sobre o episódio.
“Os Estados Unidos expressaram em várias ocasiões confiança nas instituições democráticas do Brasil e respeito pelo forte histórico do Brasil de eleições livres e justas”, afirmou à BBC News Brasil um porta-voz do Departamento de Estado sem confirmar ou desmentir a história.