
Enquanto os bancos do país conseguiram se sair muito bem na pandemia da covid-19 – que já matou mais de 651 mil brasileiros -, essas instituições financeiras seguem demitindo e acabando com postos de trabalho Brasil afora.
O lucro líquido acumulado em 2021 e 2020 dos cinco principais bancos do país foi de R$ 174,9 bilhões. Tarifas e juros altos foram mantidos, as metas dos trabalhadores subiram. Mas não foi o suficiente para o setor mais lucrativo do país.
Cerca de 12 mil vagas de trabalho foram extintas e mais de três mil agências reduzidas, desde 2020.
Banco do Brasil (BB), Bradesco, Itaú e Santander registraram R$ 90,5 bilhões de lucro líquido em 2021, com aumento de 34,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Juntos, acumularam R$ 157,6 bilhões de lucro, em dois anos de pandemia.
A Caixa Econômica Federal (CEF) divulgou seu balanço no final de fevereiro: lucro de R$ 17,3 bilhões. O crescimento foi de 31,1% na comparação com 2020.
O Bradesco foi o campeão em demissões. Desde 2020, extinguiu 10.055 vagas, no período, apesar dos R$ 26 bi de lucro somente em 2021.
Bancos públicos
Se contar apenas os bancos públicos, BB e CEF somam R$ 38,3 bilhões apenas em 2021. O BB teve um lucro líquido recorde de R$ 21 bilhões, um crescimento anual de 51,4%.
Apesar dos lucros bilionários, Jair Bolsonaro (PL) insiste que as instituições dão prejuízo e trabalha pela privatização.
Para Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, a economia brasileira passa por um momento grave, com forte retração da atividade econômica, elevação do desemprego e queda na renda das famílias e os bancos deveriam desempenhar papel importante na retomada do crescimento.
“Os bancos são uma concessão pública e têm um papel social importante no crescimento de um país. É importante que as instituições financeiras, responsáveis por cuidar do dinheiro da população, sejam um instrumento para o desenvolvimento econômico e não para fragilizar ainda mais a economia”, diz.
De acordo com ela, o resultado são agências lotadas, trabalhadores adoecidos e a população sem atendimento adequado.
Acordo descumprido
Assim que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou o início da pandemia, o Comando Nacional dos Bancários, que representa os trabalhadores da categoria, apresentou uma lista de demandas à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).
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“A gente solicitou uma reunião e cobrou da Fenaban que, primeiro, isolasse as pessoas de grupos de risco, que não podiam trabalhar presencialmente. Pedimos também EPIs – álcool em gel, máscaras –, que houvesse rodízio nas agências, uma série de reivindicações”, explica Neiva Ribeiro, secretária geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Com informações do Portal Vermelho