
Por Lucas Rocha
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro Paulo Guedes projetam um cenário econômico quase distópico no Brasil, o Banco Central decidiu promover mais um aumento na taxa de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, nesta quarta-feira (27), alçar a taxa de 6,25% a.a. para 7,75% a.a.
A medida atende a uma cobrança feita pelo ministro da Economia no último sábado (23). Guedes defendeu o aumento da da Selic para, segundo ele, conter a inflação, que já passa de 10% segundo o IPCA.
“Se o fiscal piorou um pouco, eu voltei de viagem dos EUA e o fiscal piorou um pouco, então tem que correr um pouquinho mais com o juro também”, disse Guedes em tom de cobrança.
Na justificativa para o aumento, o BC apontou que “a inflação ao consumidor continua elevada”, que “a alta dos preços veio acima do esperado” e que “as diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”.
“As expectativas de inflação para 2021, 2022 e 2023 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 9,0%, 4,4% e 3,3%, respectivamente”, diz ainda.
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“Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 1,50 ponto percentual, para 7,75% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para as metas no horizonte relevante, que inclui os anos-calendário de 2022 e 2023. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, aponta o Copom.
A alta de 1,5 pontos é maior do que a vista nos dois meses anteriores (1 ponto cada). Na próxima reunião deve acontecer um aumento similar. Com o índice atual, o país alcança a maior taxa de juros desde 2017.
Desde que a autonomia do Banco Central foi sancionada, em fevereiro, a taxa Selic saiu da mínima histórica de 2% para os atuais 7,75% – uma alta de 5,75 pontos.