
Para além das milhares de mortes, a pandemia da Covid-19 teve como resultado a redução da renda do trabalho global em US$ 3,7 bilhões. A queda registrada no último ano e meio equivale a 4,4% do PIB mundial. Os dados foram citados na 109ª edição da Conferência Internacional do Trabalho, aberta no dia 20.
No Brasil, a situação é agravada em função do aumento da informalidade. O setor de serviços, por exemplo, o mais atingido pela crise, registrou redução de 20% das vagas informais, segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).
Além do avanço do desemprego, o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fausto Augusto Junior, aponta como principais consequências a redução de renda e o aumento da pobreza. Com a capacidade de consumo reduzida, uma eventual retomada da economia fica ainda mais prejudicada.
Em entrevista ao Jornal Brasil Atual desta segunda-feira (24), Augusto Junior afirmou que as promessas de que a precarização dos direitos trabalhistas resultaria em redução da informalidade não se confirmaram.
“Temos hoje uma somatória de duas grandes crises. Uma que advém da própria pandemia. Do outro lado, uma crise do ponto de vista da seguridade do trabalho.”
Fausto Augusto Junior
Dieese defende políticas de qualificação
Essa agenda começou a ser implementada com a “reforma” trabalhista do governo de Michel Temer (MDB). E vem sendo aprofundada no governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Como resultado, desde 2016 as desigualdades sociais vêm se ampliando no Brasil. E as principais vítimas desse processo são os jovens. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um terço das pessoas com idade entre 18 e 24 anos estão desempregadas.
“Quando há uma quantidade grande de jovens que nem sequer conseguem ocupação, temos um desperdício de talento e de potencial que cobra muito caro. Além de estar desempregado, o tempo médio fora do mercado é muito longo, de mais de dois anos”, avaliou o diretor do Dieese.
Nesse sentido, é necessário pensar novamente em políticas de qualificação que melhorem a inserção dos jovens no mercado, além de reverter o quadro de precarização dos direitos trabalhistas.
Com informações da Rede Brasil Atual