
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), assinou um decreto, nesta sexta-feira (4), autorizando o tombamento do Acervo de Dom Helder Câmara. A solenidade de assinatura foi realizada no Palácio do Campo das Princesas, sede do Executivo estadual.
Com mais de 210 mil páginas de documentos, cartas, meditações, prêmios e condecorações, o acervo preserva viva a memória e a obra do arcebispo emérito de Olinda e Recife, que morreu em 1999. Há ainda livros publicados e material multimídia, registros de jornais e revistas. Tudo está sob a guarda legal do Instituto Dom Helder Câmara (IDHeC).
A medida cumpre uma vontade de Dom Helder registrada em testamento.
De acordo com o governo, o material está disponível para consulta no site da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), e no Centro de Documentação Dom Helder Câmara, no Recife.
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Parte do acervo está totalmente digitalizada e outra será encaminhada para passar pelo mesmo processo. Uma comissão foi nomeada para acompanhar periodicamente esse procedimento.
Paulo Câmara ressaltou que a obra do religioso é “de valor inestimável”. “As lições de Dom Helder Câmara nos ajudam a seguir lutando pela democracia, pela liberdade e pela justiça social”.
“Reverenciar Dom Helder é sempre muito importante, por tudo o que ele representa e fez em favor dos mais pobres, dos mais vulneráveis. Ele foi um homem incansável na busca por justiça social e pela diminuição das desigualdades. Desde sempre buscamos preservar essa memória e hoje estamos mais perto disso, com o tombamento do seu acervo”, frisou.
Além do tombamento estadual do acervo, a partir de sábado (5), o Memorial Dom Helder Câmara reabre as portas. Ele fica na Igreja das Fronteiras, na área central do Recife. O local ficou fechado durante dois anos por causa da pandemia de Covid-19.
Nascido em Fortaleza (CE), em 1909, Dom Helder foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Defensor dos direitos humanos durante a ditadura militar (1964-1985), recebeu prêmios nacionais e internacionais.
Dom Helder Câmara é o brasileiro por mais vezes indicado ao Prêmio Nobel da Paz, em quatro ocasiões. Em 26 de dezembro de 2017, a Lei nº 13.581 o declarou como “Patrono Brasileiro dos Direitos Humanos”.