
O Tribunal de Contas da União (TCU) vai instaurar um procedimento interno para apurar se houve alguma inadequação na conduta de Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, auditor do órgão. Ele é apontado como responsável pela elaboração de um “estudo paralelo” distorcendo informação sobre o número de mortes no país em decorrência da covid-19.
Marques foi afastado da fiscalização sobre os gastos relacionados à pandemia no Brasil na terça-feira (8). Por enquanto, o auditor não foi afastado da função em si, apenas desta apuração. O afastamento do auditor estava sendo cobrado por ministros do TCU após o “estudo paralelo” ser citado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na segunda-feira (7), para desqualificar a pandemia do coronavírus, que matou quase 500 mil brasileiros.
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O TCU foi a público com uma nota desmentindo o presidente e indicando que “não há informações em relatórios do tribunal que apontem que ‘em torno de 50% dos óbitos por covid no ano passado não foram por covid’”. Ainda na segunda, o presidente assumiu que o “estudo” não pertence oficialmente ao Tribunal de Contas da União.
Socialista comenta nota do TCU
O presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Carlos Siqueira, comentou o posicionamento do TCU, que nega as afirmações feitas por Bolsonaro. “O Brasil chegará a meio milhão de mortes por Covid porque o governo não liga para a pandemia”, criticou o dirigente.
Indicação para o BNDES
Marques chegou a ser indicado pelos filhos de Bolsonaro para uma diretoria no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A indicação, contudo, foi barrada pela própria Corte de Contas.
Marques é amigo dos filhos do presidente da República e do presidente do BNDES. Segundo o site G1, quando a indicação do auditor para o BNDES foi barrada, Bolsonaro ligou para o então presidente do tribunal, José Múcio, e pediu que o servidor fosse liberado. Mesmo assim, isso não aconteceu.
A presidência do TCU avaliou na ocasião que não seria possível ceder o servidor para o BNDES. E que, se ele quisesse ir para o banco, teria de se desligar em definitivo do tribunal.
Dentro do tribunal, à época, a informação era que Marques havia sido indicado para assumir a diretoria do BNDES por filhos do presidente. O auditor é considerado um aliado do presidente Bolsonaro no tribunal.
Nome do TCU em estudo com dados falsos
Mesmo alertado por colegas de trabalho de que estava produzindo informações falsas, o auditor estava disposto a incluir o seu “estudo paralelo” no 6º Relatório de Monitoramento da Covid-19 do TCU, apontam informações do Correio Braziliense.
O novo documento oficial está previsto para ser divulgado na próxima semana. Porém, houve tempo suficiente para que as informações falsas preparadas por Alexandre, de que metade das mortes pela covid-19 não aconteceram, fossem barradas.
O auditor costuma se posicionar nas redes sociais difundindo notícias falsas. Procurado pelo Blog, Alexandre disse que não se manifestaria. Qualquer pronunciamento sobre o “estudo paralelo” deve ser feito pela assessoria de imprensa do TCU, que já foi demandada.
CPI da Pandemia vai convocar auditor
O senador Humberto Costa (PT-PE) pediu a convocação do auditor à CPI da Pandemia e a quebra de seus sigilos telefônico e telemático. No requerimento, o senador diz que é preciso investigar a informação de que o auditor teria passado o estudo paralelo para os filhos do presidente da República, que teriam passado para Bolsonaro.
Com informações do G1 e Correio Braziliense