
A Polícia Federal interceptou uma conversa telefônica entre o ex-ministro Milton Ribeiro e sua filha, em que aparecem indícios de que o presidente Jair Bolsonaro está interferindo nas investigações e vazando informações sobre a operação. De acordo com a gravação, Milton Ribeiro passou a suspeitar que seria alvo de busca e apreensão após conversar com o presidente Bolsonaro.
No dia 9 de junho, durante conversa telefônica com a filha, o ex-ministro afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve um “pressentimento” a respeito de uma possível operação de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) envolvendo supostas irregularidades na distribuição de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE ).
“A única coisa meio… hoje o presidente me ligou… ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?”, disse o ex-ministro Milton Ribeiro para a filha. O trecho está em investigação da Polícia Federal.
“Ele quer que você pare de mandar mensagens?”, a filha pergunta.
“Não! Não é isso… ele acha que vão fazer uma busca e apreensão… em casa… sabe… é… é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios, né?”, diz o ministro.
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A suspeita de interferência do presidente Jair Bolsonaro e com o possível vazamento de informações sobre a operação Acesso Pago, que prendeu Ribeiro e pastores no caso das negociatas no Ministério da Educação, foram os argumentos que embasaram a decisão do juiz Renato Borelli ao enviar o caso para o Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta (24).
A defesa de Milton Ribeiro nega qualquer irregularidade e afirma que a prisão não tinha justificativa, porque o ex-ministro não exercia mais influência no governo federal, além de ter bons antecedentes criminais. De acordo com o advogado Daniel Bialski, também deve ser considerado nulos os áudios sobre suposta interferência de Bolsonaro. Para ele, a Justiça de primeira instância não tinha competência para autorizar a operação se o caso envolvia suspeitas sobre o presidente, que é uma autoridade com foro privilegiado.