
Na véspera dos atos pró-governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) marcados para o dia 7 de setembro, Dia da Independência do Brasil, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ordenou a prisão preventiva de duas pessoas acusadas de ameaçar integrantes da Suprema Corte. O magistrado também bloqueou contas bancárias de investigados por organizarem atos antidemocráticos marcados para o feriado.
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Os alvos das prisões preventivas são Marcio Giovani Niquelatti, um professor de Santa Catarina, e Cassio Rodrigues de Souza, ex-policial militar de Minas Gerais.
Moraes também determinou operação de busca e apreensão em domicílios de Gilmar João Alba, prefeito de Cerro Grande do Sul (RS), que foi flagrado no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com R$ 505 mil em dinheiro na bagagem.
O ministro ainda mandou bloquear as chaves PIX e contas bancárias da Aprosoja Nacional e da Aprosoja de Mato Grosso, entidades investigadas sob suspeita de financiarem a realização de manifestações antidemocráticas no feriado de 7 de setembro. Também foram bloqueados saques de eventuais fundos em que os CNPJs dessas duas entidades tenham participação.
Ministros do STF estão preocupados com manifestação, mas golpe não está no horizonte
Entre os ministros do STF, de acordo com matéria da jornalista Carolina Brígido, colunista do Uol, paira uma grande preocupação com as manifestações agendadas para esta terça-feira, 7 de setembro. Mesmo assim, não há temor em relação a eventual golpe ou ruptura institucional. O foco das atenções é a proporção que os protestos podem adquirir e como isso pode aumentar a polarização política no país.
A polarização é grande, provocada pelas constantes declarações de Bolsonaro contra o STF, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e seus respectivos ministros. O principal alvo era Luís Roberto Barroso, presidente da Corte Eleitoral. Agora, a mira mudou para Alexandre de Moraes, relator de várias investigações que correm contra o presidente no STF.
De um lado, o presidente ataca os ministros. De outro, os tribunais abrem inquéritos contra Bolsonaro. Esse cabo de guerra acabou enfraquecendo o Judiciário e fortalecendo Bolsonaro entre seus militantes mais fiéis. O presidente não deve fazer as pazes com os ministros dos tribunais, em troca de continuar recebendo o apoio de seus seguidores.
Alguns ministros, como Barroso e o presidente do STF, Luiz Fux, têm diálogo constante com militares e setores do governo. Entre os interlocutores, estão o vice-presidente, o general Hamilton Mourão, e o ministro da Defesa, o também general Braga Netto. A avaliação é de que não há apoio suficiente para Bolsonaro para sustentar uma ruptura institucional – nem dos militares, nem do governo, nem do mercado, nem da maioria dos brasileiros.
Ainda que não haja terreno para golpe neste momento, ministros do STF temem que o discurso golpista seja fortalecido no 7 de setembro, a depender do tamanho das manifestações. Seria como plantar uma semente. Com o STF enfraquecido e o discurso golpista em alta, a campanha de 2022 tem tudo para ser um barril de pólvora, com a democracia ameaçada de forma perene.
Com informações do Uol