
A base militar da Ucrânia em Yavoriv, na região de Lviv, perto da fronteira com a Polônia, sofreu um ataque dos militares russos com mísseis neste domingo (13). Segundo as autoridades locais, a ação deixou pelo menos 35 mortos e 134 feridos. O ataque é considerado “o mais ocidental” da guerra até o momento, ou seja, o mais próximo do território de países da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar liderada pelos EUA.
O ataque ocorre um dia após o governo russo ameaçar atacar carregamentos de armas do Ocidente para a Ucrânia, chamando os comboios de “alvos legítimos”. Na noite de sábado, porém, o presidente americano Joe Biden autorizou mais US$ 200 milhões de dólares em armas e outras assistências para a Ucrânia.
Segundo o New York Times, a base atingida é um elo vital no fluxo de armas enviadas pelos países da Otan para a Ucrânia. A Polônia também tem sido o principal ponto de passagem de carregamentos de armas, de refugiados que fogem para o Ocidente, além de combatentes estrangeiros que viajam para a Ucrânia para se integrar às forças locais.
Incialmente, o governador de Lviv, Maksym Kozytsky, disse em entrevista coletiva que o total de mortos era de nove, mas o número foi atualizado ao longo do dia. A Reuters informou que sua equipe de reportagem viu 19 ambulâncias com sirenes ligadas a caminho da base militar após o ataque.
“Infelizmente, perdemos mais heróis: 35 pessoas morreram como resultado do bombardeio do Centro de Manutenção da Paz e Segurança. Outros 134 com diferentes ferimentos em diferentes graus de gravidade estão no hospital. Em nome de toda a região de Lviv, expressamos nossas sinceras condolências às famílias das vítimas. Não esqueceremos nenhum herói e não perdoaremos nenhum ocupante”, disse Kozytsky em comunicado.
Leia também: 3ª Guerra Mundial? EUA ameaça Rússia caso mexam com a Otan
O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, classificou a ação como um “ataque terrorista” e confirmou que instrutores militares estrangeiros atuavam na base. Até o momento, não há informações de quantos soldados estavam no local no momento em que foi atingido e nem se há estrangeiros entre as vítimas.
“Este é um novo ataque terrorista contra a paz e a segurança perto da fronteira UE-OTAN. Ações devem ser tomadas para impedir isso”, disse ele no Twitter.
O governo polonês também condenou o ataque: “A Polônia condena qualquer agressão contra a Ucrânia, incluindo o bombardeio da base de Yavoriv”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores polonês à Reuters.
Foram mais de 30 mísseis disparados no ataque, mas os sistemas de defesa aérea ucranianos interceptaram 22 deles, segundo autoridades.
— O sistema de defesa aérea funcionou, vários deles foram derrubados — disse o governador Kozytskyi em entrevista coletiva.
O governador ainda repetiu os pedidos para que a Otan estabeleça uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, uma medida já rejeitada pela aliança, uma vez que isso colocaria frente a frente aeronaves russas e da Otan, com efeitos potencialmente catastróficos.
A base militar está localizada a apenas 25 km da fronteira com a Polônia. É considerada uma das maiores da Ucrânia e a maior da região ocidental do país. Antes da invasão russa, a Ucrânia realizou ali a maioria de seus exercícios militares com os países da Otan e instrutores militares estrangeiros trabalharam no local.
Mais de 3.500 instalações militares ucranianas destruídas
Tropas russas destruíram 3.687 instalações de infraestrutura militar ucraniana até agora, disse o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, que foi citado pela agência de notícias russa Interfax.
— Um total de 99 aviões, 128 veículos aéreos não tripulados, 1.194 tanques e outros veículos blindados de combate, 121 sistemas de foguetes de lançamento múltiplo, 443 sistemas de artilharia e morteiros e 991 veículos militares especiais foram destruídos — disse Konashenkov.
Konashenkov acrescentrou que as forças da autoproclamada República Popular de Luhansk — uma das duas regiões separatistas que Putin reconheceu unilateralmente a independência antes de invadir a Ucrânia — bloquearam as partes leste e sul de Severodonetsk, na Ucrânia.
Leia também: Rússia e Ucrânia: 36 mil homens são voluntários para combater na guerra
Segundo informou o Ministério da Defesa do Reino Unido neste domingo, as forças russas estão tentando cercar as forças ucranianas no Leste do país enquanto avançam da direção de Kharkiv, no Norte, e Mariupol, no Sul.
“As forças russas que avançam da Crimeia estão tentando contornar Mykolaiv enquanto procuram dirigir para o oeste em direção a Odesa”, disse a pasta em seu boletim diário de inteligência publicado no Twitter.