
A Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (ANABB) pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) que investigue a operação de venda da carteira de crédito de R$ 2,9 bilhões para o BTG Pactual. O BB está sendo criticado por partidos políticos e sindicatos por supostamente vender barato demais a carteira de crédito. Ela foi vendida por R$ 371 milhões.
A operação foi anunciada no início do mês, sob a gestão do presidente Rubem Novaes, que entregou na sexta-feira (24) o pedido de renúncia ao ministro da Economia, Paulo Guedes. A expectativa é que Novaes permaneça no cargo somente até o próximo dia seis, depois do anúncio do resultado do banco no primeiro semestre.
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Em ofício ao TCU, o presidente da ANABB pediu ao Tribunal que se “debruce” sobre a legalidade dos negócios efetuados e verifique por meio de auditoria eventuais prejuízos aos acionistas. A entidade quer que o tribunal de contas avalie ainda se houve ampla concorrência no processo de venda. A ANABB quer saber por que o BB não fez um leilão.
“O leilão é uma modalidade que permite ao BB ceder parte de seus ativos sem questionamentos a respeito de eventuais direcionamentos – até porque a empresa que adquiriu os créditos tem vínculos históricos com o Ministro da Economia. Por que este caminho mais adequado não foi obedecido?”, questionou o presidente da ANABB, Reinaldo Fujimoto, na carta ao TCU.
Um dia depois do envio do ofício ao TCU, o BB divulgou na terça-feira (28) comunicado ao mercado dando mais detalhes da operação. Segundo o banco, a cessão da carteira ocorreu após processo de concorrência que contou com a participação de quatro empresas especializadas neste mercado. “O escolhido foi aquele que apresentou a maior oferta de pagamento à vista e o maior percentual do rateio de prêmios futuros”, diz o comunicado.
De acordo com o BB, a empresa de avaliação de balanços Pricewaterhouse Coopers fez o acompanhamento da precificação da operação e da avaliação de riscos. Os créditos cedidos referem-se a operações que estavam inadimplentes, em média, há mais de seis anos. Do total, 98% já estavam lançados em prejuízo e os 2% restantes contavam com provisões (recursos que o banco guarda para eventual calote).
O BB informou que se trata de um portfólio de operações ajuizadas, com processos judiciais iniciados há até 15 anos. A cessão da carteira terá impacto positivo no resultado financeiro do Banco do Brasil, calculado em R$ 371 milhões.
“A manifestação do BB dá algumas explicações, mas como enviamos ofício ao TCU entendemos que o órgão de controle terá todas as informações – e números detalhados – para uma apreciação mais abrangente da operação”, disse ao jornal Estadão o presidente da ANABB.
Com informações do Estadão