
Um dos 17 denunciados pelo Ministério Público do Rio no inquérito das “rachadinhas”, Miguel Ângelo Braga Grillo, conhecido como “coronel Braga”, desempenhava “papel determinante”, no esquema criminoso, afirma a promotoria. O esquema de desvios de salários de funcionários acontecia no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
A investigação aponta que Braga integrava o “núcleo operacional” do esquema e tinha como função atestar o cumprimento das jornadas de trabalho dos funcionários “fantasmas”. Atualmente, ele recebe um salário de R$ 22,9 mil na função principal do gabinete de Flávio no Senado, segundo dados oficiais da Casa.
Ainda segundo a denúncia, o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz cuidava da contabilidade da “organização criminosa”, recolhendo parte da remuneração do funcionários e repassando os recursos a Flávio.
Esses funcionários exerciam atividades privadas remuneradas ou cursavam universidades em horários incompatíveis com o trabalho. Entre eles está o tenente-coronel Wellington Sérvulo Romano da Silva, que passou no exterior oito dos 18 meses em que figurou como funcionário na Assembleia, diz a Promotoria do Rio.
Depósito
Coronel Braga também depositou R$ 20 mil em espécie da conta da mulher de Flávio, Fernanda, em 2011. Ele chegou a alegar que o dinheiro seria utilizado para a compra de um veículo, no entanto, não foi encontrado registros que comprovem sua versão. Para o MP, esse dinheiro pode ter sido usado para quitar uma parcela do apartamento adquirido pelo casal em Laranjeiras, na zona sul do Rio, como estratégia para lavar o dinheiro desviado da Assembleia.
“Os registros bancários revelaram que no dia 29 de dezembro de 2011 o chefe de gabinete (coronel Braga) sacou R$ 20 mil de sua própria conta-corrente e, em um período de apenas meia hora, na companhia da titular da conta-corrente (Fernanda), realizou o depósito de mesmo valor em agência localizada a 400 metros de distância”, afirma a denúncia.
Coronel Braga ainda é alvo de uma outra investigação, a que apura se houve vazamento de informações da Operação Furna da Onça a Flávio, conforme relatou o empresário Paulo Marinho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.