
Desde que compartilhou o ensaio de fotos de gravidez em abril deste ano, o ex-participante do reality show “O Crush Perfeito, da Netflix, Roberto Bete, ganhou destaque na imprensa. Noah, o filho com a esposa, Erika Fernandes, nasceu na tarde da última terça-feira (10 de maio).
O nascimento ocorreu exatamente três anos após Roberto ter realizado a mastectomia. “Não sei se foi apenas uma coincidência, mas o dia 10 de maio será marcado pra toda minha vida, as duas coisas mais importantes pra mim aconteceram nesta data”, escreveu ele nas redes sociais.
Leia também: Congresso do PSB reúne lideranças da militância socialista LGBTQIA+

Para a socialista Ariadna Arantes (PSB), ex-participante do BBB, e pré-candidata a deputada federal por São Paulo, a grande repercussão que a imprensa deu ao caso é resultado de uma sociedade preconceituosa.

“Acho que chama tanto a atenção das pessoas exatamente porque corpos trans não são normalizados em nossa sociedade”, opinou.
“Corpos trans infelizmente no Brasil são vinculados à marginalidade, prostituição ou assassinatos prematuros”, prossegue.
Para a pré-candidata a luta política incli buscar a normalização da paternidade de homens trans e a maternidade de mulheres trans.
“A Érika é uma mulher trans, eu sou um homens trans e vamos mostrar que a gente pode engravidar e continuar tendo nossa masculinidade isso mexe um pouco com a cabeça das outras pessoas”, disse Roberto Bete em ao Viva Bem, do UOL.
Leia também: Segmentos do PSB elegem direções nacionais para próximo triênio
Toda a gravidez e o parto foi acompanhado por uma equipe de documentaristas e em breve a história de Roberto, Érika e Noah estará disponível em plataformas abertas como o Youtube, de forma gratuita.
Para Tathiane Aquino de Araújo, secretária nacional do Movimento LGBT Socialista do PSB, o desafio é romper definitivamente com a ideia de que uma pessoa possa ser definida por seus órgãos genitais.

“Há um pensamento errôneo que nós somos pessoas homossexuais e não se sabe definir muitas vezes o que é orientação sexual e o que é identidade de gênero. Pessoas trans podem ser hétero, bi, gay ou o que quiser”, afirma Tathiane.
Para ela é fundamental separar esse lugar do desejo e a luta por reconhecimento e pelo direito de ser quem se quer ser.
Embora as estatísticas sobre pessoas trans no Brasil sejam deficitárias, a socialista reforça que é preciso naturalizar a maternidade e paternidade de pessoas trans.
“Os corpos trans em sua complexidade tem diversas possibilidades e a vida social não estão atreladas à elas. Hoje os casais trans são mais visíveis e no Brasil tomou maior proporção recentemente, mas ainda há muito machismo entranhado e uma tentativa constante de invisibilizar os corpos trans. Mas precisamos lembrar, hoje em dia é possível sim, homem engravidar”, finaliza.
O ensaio de Roberto Bete, que ganhou grande visibilidade, foi feito pela fotógrafa Vivi Bacco.