
O ex-presidente da Argentina Mauricio Macri terá sua gestão investigada por espionagem ilegal e perseguição contra sindicalistas e opositores. A determinação é do atual mandatário do país, Alberto Fernandez.
“A Justiça Federal está investigando uma denúncia de que ordenei à Agência Federal de Inteligência [AFI] em relação às ações do governo anterior que promoveram a espionagem ilegal e vários processos judiciais contra sindicalistas e opositores”, disse Fernández em sua conta no Twitter.
As denúncias foram feitas pela inspetora da AFI, Cristina Caamaño, que encontrou a gravação de uma reunião realizada em 15 de junho de 2017.
Na gravação, funcionários do governo municipal de Buenos Aires, comandado por María Eugenia Vidal orquestraram uma perseguição contra organizações sindicais. Entre eles, estavam o secretário do Trabalho Marcelo Villegas e agentes de inteligência.
No vídeo vazado, Villegas, assim como Vidal que é alinhado a Macri, aparece falando que “se pudesse”, ele teria uma” Gestapo, uma força de ataque para acabar com todos os sindicatos”.
A citação faz referência à Geheime Staatspolizei, a polícia secreta oficial da Alemanha Nazista que desempenhou um papel no extermínio dos “inimigos” do governo, sobretudo judeus.
Fernández também destacou que quando assumiu o poder denunciou a existência de mais de 100 celulares criptografados fornecidos pela AFI envolvendo autoridades nacionais, pessoas do sistema judiciário e parceiros políticos e comerciais do partido no poder na época, o Cambiemos.
O atual presidente da Argentina disse que os aparelhos foram designados à ex-governadora da província de Buenos Aires Maria Eugenia Vidal, ao procurador da província Julio Conte Grand, ao ex-presidente do clube de futebol Boca Juniors Daniel Angelici, ao ex-ministro da Justiça de Buenos Aires Gustavo Ferrari, ao empresário Nicolás Caputo e ao ex-procurador-geral Martín Ocampo.
Segundo o peronista, ele se perguntou qual era o propósito da existência desses telefones criptografados e quais segredos eram mantidos por funcionários e empresários.
Fernandez afirma que é necessário responder porque esses telefones eram mantidos por funcionários e empresários.
“O uso do serviço de inteligência do Estado de Direito para realizar espionagem interna e promover processos criminais é definitivamente repugnante e, portanto, inadmissível”, afirmou.
O governo Macri é réu em outro processo sobre a espionagem ilegal de familiares dos marinheiros da ARA San Juan, submarino que naufragou em 2017.
De acordo com a denúncia, as famílias dos soldados mortos eram alvos de escutas telefônicas e de outras interceptações durante o período que as autoridades investigavam o caso.
Com informações do Opera Mundi