
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou, desde setembro, às vésperas do primeiro turno das eleições, dez pedidos de arquivamento de investigações criminais que envolvem o presidente derrotado Jair Bolsonaro (PL).
Em pelo menos cinco deles, relacionados ao relatório final da CPI da Covid, as solicitações foram negadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em outros três, a Corte deu à Polícia Federal (PF) o protagonismo de parte das investigações.
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Senadores da CPI da Covid e uma associação de vítimas da pandemia têm rebatido nos autos a PGR e apelado à Corte para que não enterre os inquéritos. Parte dos procedimentos nem sequer virou inquérito formal e o Ministério Público não chegou a promover diligências mais aprofundadas.
Se estas investigações não forem encerradas até o último dia de dezembro, elas serão enviadas pelo STF ao MPF em primeira instância, onde podem ter, nas mãos de outros procuradores, entendimento diferente aos do procurador-geral da República, Augusto Aras.
Advogado do crime: Aras não aceita ser questionado por corrupção
A Procuradoria-Geral da República (PGR) mandou a Polícia Federal (PF) investigar brasileiros que cobraram que Augusto Aras mandasse investigar os escândalos de corrupção nas ruas de Paris, em abril, quando ele passeava de férias pela capital francesa.
O pedido foi feito pela vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo e, de acordo com a Folha, a PF interrogou os brasileiros assim que chegaram ao Brasil, no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
A vice-procuradora cita na ação, de acordo com o jornal, dispositivo que afirma que é crime tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais.
Vídeo que circulou nas redes sociais registra o momento em que Augusto Aras é cobrado por brasileiros nas de Paris a apurar o escândalo dos dois pastores que negociavam verbas do Ministério da Educação (MEC) com municípios em troca de propina.
“E aí, procurador? Dar rolezinho em Paris é legal, e abrir processo, procurador? Vamos lá investigar, procurador, ou vai continuar engavetando? Vamos lá fazer o seu trabalho?”, afirma uma pessoa no vídeo.
Em outro trecho cobra que ele faça seu trabalho. “Vamos investigar o bolsolão do MEC, pastor fazendo reunião, o Bolsonaro gastando milhões em Viagra para o Exército. Cadê investigação, procurador? Aqui em Paris tem nada para encontrar, não. Tem que procurar lá em Brasília”.
Depois, uma pessoa ironiza Aras que, no final, foi xingado. “Tudo por uma vaguinha no STF, né? Tudo por uma vaguinha”.
Não aceita críticas
Aras também processa o professor da Universidade de São Paulo (USP) e colunista da Folha, Conrado Hübner Mendes, por calúnia, injúria e difamação por postagens críticas ao PGR em suas redes sociais e por um artigo publicado no jornal sob o título “Aras é a antessala de Bolsonaro no Tribunal Penal Internacional”.