
Após se tornar um dos principais difusores de fake news contra a China sobre o surgimento da Covid-19 e a consequente necessidade de fabricação de vacinas contra o vírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recuou.
Nesta quinta-feira (9), Bolsonaro ressaltou as relações com países que integram o Brics — além do Brasil, é formado pela Rússia, Índia, China e África do Sul — e assinalou a importância do gigante asiático para a produção de vacinas contra o coronavírus no Brasil durante participação virtual na XIII Cúpula do Brics.
Bolsonaro lembrou da última cúpula presencial do grupo, realizada em Brasília (DF), em novembro de 2019, quando, ressaltou, teve a última reunião bilateral com o presidente da República Popular da China, Xi Jinping.
“Aquela foi, por exemplo, a última ocasião em que me reuni pessoalmente com o presidente Xi Jinping, quando discutimos temas da parceria estratégica global entre nossos dois países, bem como o bom estado de nossas relações bilaterais em diversas vertentes, mais especialmente no âmbito comercial de investimentos”, disse Bolsonaro em seu discurso de cerca de cinco minutos.
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“Esta parceria se tem mostrado essencial para a gestão adequada da pandemia no Brasil, tendo em vista que parcela expressiva das vacinas oferecidas à população brasileira é produzida com insumos originários da China”, prosseguiu o presidente brasileiro.
A fabricação de vacinas contra a Covid-19 no Brasil, como a AstraZeneca/Fiocruz, conta com o insumo farmacêutico ativo (IFA) proveniente da China.
O Brics foi fundado em 2006, a princípio sem a participação da África do Sul, que passou a integrar o grupo em 2011. Desde 2009, os líderes dos países se reúnem anualmente.
Bolsonaro atacou China com frequência
A China, maior parceiro comercial do Brasil, é seguidamente atacada por Bolsonaro em razão do regime comunista. Em outubro de 2020, Bolsonaro chegou a dizer a apoiadores, pelas redes sociais, que o governo federal não compraria a CoronaVac, vacina produzida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech, em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo paulista.
Membros de governo brasileiro e apoiadores de Bolsonaro, inclusive seus filhos, já criaram diversos incidentes diplomáticos com a China. Em um desses episódios, em novembro do ano passado, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) citou supostas espionagens cibernéticas que estariam sendo promovidas pelo Partido Comunista da China (PCCh). Na manifestação, feita no Twitter, o parlamentar defendeu, ainda, boicote à tecnologia 5G do país asiático.
Recentemente, nos atos de 7 de setembro realizados em apoio ao presidente Bolsonaro, manifestantes exibiram cartazes pedindo a criminalização do comunismo no Brasil.
Com informações do Metrópoles