
O PSB de São Paulo desfiliou o vereador Camilo Cristófaro após fala racista durante sessão da Câmara Municipal de São Paulo na última terça-feira (3). Nas redes sociais, deputados e militantes reagiram, pedindo a punição e expulsão do parlamentar. Uma ação na Comissão de Ética do PSB foi protocolada.
“Trata-se de comportamento incompatível com o decoro e a ética partidária exigida como conduta para qualquer militante, e, sobretudo, àqueles que ocupam funções públicas representando a legenda”, declararam os deputados socialistas Marcelo Freixo (PSB-RJ), Danilo Cabral (PSB-PE) e Milton Coelho (PSB-PE)
O presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira, declarou que “repudia qualquer declaração ou atitude racista, como deixa claro em seu programa partidário” e que o discurso preconceituoso de Cristófaro “não condiz com os valores do partido”.
O PSB repudia qualquer declaração ou atitude racista, como deixa claro em seu programa partidário. Esse comportamento não condiz com os valores do partido e de socialistas.
— Carlos Siqueira (@csiqueirapsb) May 4, 2022
Em nota de repúdio assinada pela presidente municipal Tabata Amaral, a Comissão Executiva de São Paulo manifestou apoio à apuração do comportamento do vereador e punição resultante de processo “legítimo” junto ao diretório estadual.
“Como um partido que luta por justiça social e igualdade de oportunidades, é dever do PSB exigir que os seus quadros atuem de forma coerente. Falas e ações racistas devem ser responsabilizadas com seridade”, defende a nota.
O deputado estadual Camilo Capiberibe (PSB-AP), afirmou que o crime de racismo “precisa ser combatido e vencido em todas as instâncias da sociedade” e que “é nosso dever sermos antirracistas”.
O PSB de São Paulo desfiliou o vereador Camilo Cristófaro por conta da sua frase racista. #RacismoÉcrime que precisa ser combatido e vencido em todas as instâncias da sociedade.
— Camilo Capiberibe ???✏️ (@CamiloPSB) May 4, 2022
Não basta não ser racista. É nosso dever sermos #antirracistas.
A Negritude Socialista Brasileira (NSB) classificou a fala do vereador como “racista e criminosa”, defendeu a punição do parlamentar e disse que daria suporte para que as instâncias competentes tomassem as devidas providências. “Lamentamos que a população negra de São Paulo e brasileira tenha que passar por mais um ato racista em seu cotidiano. Reiteramos o nosso compromisso com a luta antirracista e o enfrentamento extremo ao racismo estrutural”.
“Racistas não passarão!”, declarou, através do Twitter, a Juventude Socialista Brasileira (JSB). O segmento também afirmou repudia veementemente o ato racista do vereador expulso.
A Juventude do PSB REPUDIA veementemente o ato racista do Vereador Camilo Cristófaro de SP e entrará com representação, juntamente com os demais segmentos do PSB, no Conselho de Ética do partido exigindo sua expulsão. Racistas não passarão!
— JuventudePSB??? (@JuventudePsb) May 3, 2022
Cristófaro foi desfiliado do PSB antes mesmo de o diretório estadual acolher denúncia e instalar procedimento de investigação e julgamento contra o parlamentar. Como o processo de expulsão levaria mais tempo, com direito a contraditório e ampla defesa, o presidente estadual Jonas Donizette aceitou pedido de desligamento encaminhado pelo vereador no dia 28 de abril.
O crime
Durante sessão da CPI dos Aplicativos da Câmara Municipal de SP, na última terça-feira (3), foi possível ouvir conversa em que Cristófaro diz “não lavaram a calçada. É coisa de preto, né?”. Ele participava virtualmente do encontro.
Após o ocorrido, o presidente da CPI, Adilson Amadeu (União Brasil), suspendeu os trabalhos por cinco minutos para deliberar internamente sobre o impacto da frase.
Na retomada dos trabalhos, a vereadora Luana Alves (PSOL), que é negra, declarou que Cristófaro foi “extremamente racista”.
“Infelizmente nós temos a sessão completamente tumultuada por um áudio que tem a voz do vereador Camilo Cristófaro, que acaba de proferir uma frase extremamente racista. Eu queria não acreditar que essa fala existiu, mas infelizmente existiu. Conversamos ali atrás, queria pedir à secretaria da Mesa das notas taquigráficas. Ficará registrado. Ficou acordado que todos aqui são testemunhas para todas as ações que venham a ocorrer se ficar comprovado que é do vereador Camilo Cristófaro, como parece ser”, disse Luana Alves.
Números do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostram um aumento significativo dos processos de racismo abertos pelo Tribunal de Justiça de São Paulo entre 2018 e 2020. Em 2018, a Justiça paulista abriu 20 processos por racismo no estado. No ano seguinte, o número saltou para 254 e, em 2020, chegou a 269.