
O Congresso Nacional já está atuando para promover a substituição do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, de acordo com fontes ouvidas pela CNN Brasil. Depois de parlamentares se mobilizarem para a demissão do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, nos bastidores interlocutores do próprio Palácio do Planalto já pedem a saída do chanceler que, segundo aliados, não tem mais condições de permanecer no cargo diante do avanço da pandemia.
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Araújo participará como convidado de uma audiência às 16 horas desta quarta-feira (24) no Senado e muitos parlamentares já se inscreveram para fazer questionamentos. A expectativa é que eles devem começar a pressionar o ministro e apontar o que consideram equívocos da política externa brasileira, incluindo as medidas adotadas pela diplomacia, que acabaram por prejudicar o Brasil durante a crise sanitária.
A cobrança ocorre em um momento em que Câmara e Senado também buscam abrir o diálogo com embaixadores de países estrangeiros em Brasília para pedir ajuda na aquisição de vacinas e insumos para o país.
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Os relatos que chegam, por exemplo, aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado (DEM-MG), Rodrigo Pacheco, são de ressentimentos com a postura do Itamaraty com os países nos últimos anos, em especial da China e dos Estados Unidos.
‘Ajudinha’ de empresários
O tema também foi objeto do encontro que os presidentes tiveram com empresários do setor de saúde em São Paulo na última segunda-feira (22). Na reunião, empresários deram a entender que também acionariam seus contatos no exterior para pedir ajuda ao país. A ideia é que eles apresentem o que precisa ser comprado e os fornecedores e a cúpula do Congresso acionem as embaixadas responsáveis. Em um segundo momento, o próprio Congresso deve pedir à Força Aérea Brasileira para buscar os insumos no exterior.
Além do contato com os embaixadores estrangeiros, o Congresso também tem feito a ponte direta com os embaixadores brasileiros nesses países para pedir ajuda. Até mesmo o embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nestor Forster, alinhado a Ernesto Araújo, foi acionado.
A movimentação tem sido incentivada discretamente por ministros de estado e parlamentares com acesso direto ao Palácio do Planalto. A avaliação é a de que a saída de Pazuello foi um sinal que Bolsonaro deu internamente, e que a eventual saída de Ernesto seria um sinal forte externamente no momento em que o governo tenta dar uma guinada na sua estratégia – e na comunicação – de combate à pandemia.
Com informações da CNN Brasil