
Por Plinio Teodoro
Os presidentes dos EUA, o democrata Joe Biden, e do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido) não devem trocar nem mesmo acenos – diferentemente da troca de afagos com Donald Trump em 2019. Embora os dois chefes de Estado dividam o mesmo hotel – o Intercontinental Barclays – em Nova York e compartilhem o mesmo púlpito na assembleia-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), não há certeza de encontro entre os dois.
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Segundo reportagem de Mariana Sanches, na BBC Brasil, diplomatas brasileiros se movimentaram de forma “intensa” para promover ao menos uma rápida interação com Biden para “quebrar o gelo”, segundo funcionário do Itamaraty.
No entanto, mesmo um simples aperto de mão dependerá, segundo interlocutores de Biden, do discurso de Bolsonaro na abertura da assembleia – o que torna o encontro ainda mais improvável.
De acordo com a BBC, o Departamento de Estado dos EUA classifica Bolsonaro como pouco previsível e um encontro com Biden resultaria em interação pouco segura ou vantajosa para o presidente dos Estados Unidos.
Pandemia, Amazônia e Democracia
Um dos principais focos de Bolsonaro em seu discurso será a defesa da sua gestão frente à pandemia, que vem sendo criticada duramente nos bastidores das Nações Unidas e virou alvo de chacota em todo o mundo.
Passando vexame ao comer na rua e em espaços abertos improvisados para driblar o decreto do prefeito democrata Bill de Blasio, que impede que pessoas que não estejam vacinadas consumam no ambiente interno de bares e lanchonetes, Bolsonaro deve fazer uma defesa enfática do Plano Nacional de Imunização (PNI) contra a Covid-19, mesmo com vacinas em falta no Brasil.
Além de enfatizar a “democracia” no Brasil, o presidente deve fazer mais uma vez a defesa de sua política predatória no meio ambiente, que coleciona recordes de desmatamento na Amazônia e é um dos principais temas de desgate nas relações com outros países, especialmente da Europa.