
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou na manhã desta terça-feira (23) que aprovou o registro da vacina contra Covid fabricada pela Pfizer e BioNTech. O registro é o primeiro concedido pela Agência a uma vacina contra a Covid-19. Até então, o órgão havia dado aval a vacinas por meio de uso emergencial.
O anúncio ocorre menos de 24 horas depois do alto escalão da farmacêutica afirmar, em uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que não aceitaria as condições feitas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para vender o imunizante ao Brasil.
Durante a reunião realizada na segunda-feira (22), a Pfizer deixou claro que, entre as condições para restabelecer as negociações em torno da vacina, o governo brasileiro deveria assumir a responsabilizado por eventuais processos por efeitos adversos do imunizante, e que possíveis litígios com o Brasil seriam resolvidos na Câmara Arbitral de Nova Iorque.
A farmacêutica também pediu que o governo abrisse mão da soberania de seus ativos como garantia de pagamento, além de criar um fundo em uma conta no exterior.
Além do Brasil, Venezuela e Argentina também não aceitaram as cláusulas. Também participaram da reunião os diretores da Johnson & Johnson, que pretendiam vender a vacina Janssen para o país.
A disputa sobre as cláusulas da vendas foi mais um capítulo da “novela” protagonizada pelo governo de Jair Bolsonaro na compra de vacinas para conter a pandemia da Covid-19.
Em janeiro deste ano, por meio de nota, a pasta de Pazuello reconheceu ter recusado tentativas iniciais da Pfizer de avançar nas negociações sobre a oferta de vacinas, afirmando que um acordo com a empresa “causaria frustração em todos os brasileiros”. A Saúde ainda insinuou que a gigante farmacêutica buscava “marketing” na negociação e indicou pontos que, na visão do governo, pesaram contra o acordo.