Impasse sobre o isolamento social e divergências sobre a aplicação da cloroquina também foram um dos principais pontos que levaram à demissão de Mandetta

Menos de 24 horas antes de ser anunciado a demissão de ministro da Saúde, Nelso Teich, Bolsonaro afirmou que o protocolo atual, que avaliza o uso do medicamento para casos críticos e graves, “pode e vai mudar”.
A declaração ocorreu em uma teleconferência com grandes empresários organizada nessa quinta-feira (14) pelo presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf.
“Agora votaram em mim para eu decidir e essa questão da cloroquina passa por mim. Está tudo bem com o ministro da Saúde [Nelson Teich], sem problema nenhum, acredito no trabalho dele. Mas essa questão da cloroquina vamos resolver. Não pode o protocolo, de 31 de março agora, quando estava o ministro da saúde anterior [Luiz Henrique Mandetta]- dizendo que só pode usar em caso grave… Não pode mudar o protocolo agora? Pode mudar e vai mudar”, declarou Bolsonaro.
Teich já havia indicado que a pasta não seria favorável ao uso do remédio em todos os casos, o que irritou Bolsonaro. “Cloroquina hoje ainda é uma incerteza. Houve estudos iniciais que sugeriram benefícios, mas existem estudos hoje que falam o contrário”, afirmou o ex-ministro, no dia 29 de abril.
Pesquisas
Um dos maiores estudos feitos até agora não encontrou redução de mortalidade por Covid-19 entre pessoas que foram medicadas com hidroxicloroquina. A pesquisa, com 1.438 pacientes, foi publicada na segunda (11) na revista Jama (Journal of the American Medical Association), um dos principais periódicos médicos do mundo.