
Não está fácil para o ex-advogado-geral da União André Mendonça ser o ‘terrivelmente evangélico’ de Jair Bolsonaro (sem partido) no Supremo Tribunal Federal (STF). O indicado pelo presidente da República para a vaga na Suprema Corte enfiou os pés pelas mãos ao tentar pressionar o ministro do STF Ricardo Lewandowski a analisar ação que obriga que o Senado realize sua sabatina.
Leia também: Bolsonaro reforça dúvidas sobre ida de André Mendonça para o STF
De acordo com a colunista Bela Megale, de O Globo, Lewandowski engrossou as fileiras dos descontentes com o ex-ministro da Justiça Mendonça. O magistrado não gostou nada de um telefonema que recebeu do indicado de Bolsonaro à corte, há cerca de duas semanas.
A ligação ocorreu quando Lewandowski foi sorteado relator do mandado de segurança apresentado por dois senadores para que o STF obrigue Davi Alcolumbre (DEM-AP) a pautar a sabatina de Mendonça na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
O ministro, informa a colunista, encarou o contato de Mendonça como uma espécie de pressão para que acatasse o pedido dos parlamentares para que o STF intervenha no tema. O descontentamento do ministrou chegou, inclusive, aos ouvidos de Alcolumbre, por meio de interlocutores.
Lewandowski solicitou explicações do presidente da CCJ sobre o assunto, mas a resposta ainda não chegou ao Supremo. O pedido dos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Jorge Kajuru (Podemos-GO), que tinha a intenção de acelerar a empacada sabatina de Mendonça no Senado, acabou por atrapalhar ainda mais o processo. Alcolumbre já avisou que não marcará a data para análise do nome do indicado de Bolsonaro ao STF enquanto a corte não se posicionar sobre a questão.
Como informou a coluna, a tendência do ministro Lewandowski é decidir que o tema é assunto interno do Senado e não marcar a sabatina.