
A intenção de Elon Musk de lançar um programa de “monitoramento ambiental” de queimadas e desmatamento na Amazônia levantou suspeitas por parte de ambientalistas.
Principalmente porque a proposta do bilionário de implementar por meio de uma de suas empresas, a SpaceX, seria algo redundante.
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Para especialistas o que tem provocado a destruição da Amazônia brasileira não é a falta de monitoramento, mas sim a postura do governo federal, que não investiga os alertas de desmatamento e queimadas emitidos por plataformas públicas de monitoramento já existente.
Em entrevista ao Portal A Crítica, a socioambientalista e ex-secretária de Coordenação de Políticas para a Amazônia, do Ministério do Meio Ambiente, Muriel Saragoussi, disse que o Brasil não precisa investir em plataforma privada de monitoramento”.
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“O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que é um instituto brasileiro, federal, do nosso governo, já trabalha desde 1989 fazendo monitoramento do desmatamento de corte raso e seletivo. Esses dados são dados públicos, confiáveis e um presidente realmente brasileiro deveria pedir e garantir recursos para o Inpe continuar a fazer esse trabalho. É um trabalho reconhecido internacionalmente.”, afirma Muriel.
Para a socioambientalista desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), o INPE tem passado por cortes de recursos.
“Temos satélites brasileiros que estão no espaço fazendo monitoramento, não tem por quê pedir para um Elon Musk, tem que colocar dinheiro na tecnologia nacional”, complementa Saragoussi.
Para o diretor da ONG Internacional Wildlife Conservation Society (WCS-Brasil), no Amazonas, Carlos Durigan, a intenção do bilionário e do governo brasileiro ainda não está muito clara.
“Certamente, o nosso principal problema não é a falta de monitoramento. O problema hoje é mais nas frentes de ação, de comando e controle, combater delitos ambientais, que incluem ações de desmatamento e de queimada, mas também temos problemas com o garimpo ilegal, exploração ilegal de recursos”, aponta Carlos.
“Cortina de fumaça”
No Twitter o assunto também ganhou destaque. A jornalista Eliane Cantanhêde chegou a insinuar que o interesse de Elon Musk sobre a Amazônia seria mais uma das chamadas cortinas de fumaça do governo Bolsonaro.
O deputado federal pelo PSB, Alessandro Molon, disse que a preservação da Amazônia dispensa um monitoramento privado, como o oferecido por Musk.
O deputado federal professor Israel (PSB) também questionou a parceria de Bolsonaro com Elon Musk.
Em sua conta no Twitter, o jornalista Flávio Costa, resumiu uma suposta cadeia de interesse de Musk com o anúncio sobre monitoramento da Amazônia.