
Nos últimos 20 anos a Amazônia perde cada vez mais a capacidade de regeneração e se aproxima do “ponto de inflexão, o que pode transformar a maior floresta tropical do mundo em savana. Estiagens, queimadas e os efeitos das mudanças climáticas levam o bioma a perder resiliência e ameaça a vida de plantas, animais e de seres humanos.
A floresta amazônica é um sumidouro de carbono fundamental para o equilíbrio da vida no planeta. O estudo que mostra a aproximação desse ponto de não retorno foi divulgado na segunda-feira (7) pelo jornal Nature Climate Change e revelou que mais de três quartos da floresta já demonstra dificuldade de regeneração.
As regiões que recebem menor quantidade de chuvas são as mais afetadas. “Em regiões mais próximas ao uso humano da terra, como áreas urbanas e terras de cultivo, as florestas tendem a perder resistência mais rapidamente”, explicou um dos autores do estudo, Chris Boulton, do Instituto de Sistemas Globais da Universidade de Exeter, no Reino Unido.
Para garantir a vida na floresta amazônica, é preciso zerar o desmatamento, principalmente, em razão da grande quantidade de dióxido de carbono absorvida pelas árvores do bioma.
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A pesquisa parte de dados de satélites que estimam a quantidade de biomassa, ou seja, árvores, outras plantas e vegetações, existente em uma determinada área. Além da quantidade d água e vegetação verde, que são indicadores de saúde e resistência da floresta.
A metodologia considerou mês a mês como a floresta reagiu às flutuações nas condições do tempo nessas duas décadas, tempo suficiente para que a resiliência da floresta pudesse ser avaliada.
Uma das mudanças observadas no período é que as estações mais secas da bacia amazônica se tornaram mais longas e as estiagens cada vez mais comuns e mais graves. Quanto mais avançam o desmatamento e as queimadas, menos resistente se torna a Amazônia.
Amazônia pode se tornar Cerrado
Se o bioma atingir esse ponto irreversível poderá se tornar um ecossistema mais aberto, com florestas menores e mais secas, como o Cerrado. Isso significaria, de acordo com os pesquisadores, a morte da Amazônia como floresta úmida. As consequências para a biodiversidade do planeta e para as mudanças climáticas seriam devastadoras.