Ala ideológica tenta emplacar Tereza Cristina e se afasta de Lira

Com o aval do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o núcleo ideológico entorno do governo federal intensificou o movimento para viabilizar a candidatura da atual ministra da Agricultura, Tereza Cristina, ao comando da Câmara dos Deputados. A informação é da Folha de S. Paulo.

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O movimento surge como uma alternativa diante da resistência ao nome do deputado Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão respaldado por Bolsonaro. A articulação tem a participação de integrantes das bancadas ruralista e evangélica, que acreditam que a ministra teria mais apoio que Lira.

Segundo eles, Tereza conta com a simpatia de deputados de esquerda e poderia até mesmo ter o respaldo de Rodrigo Maia (DEM), que hoje trabalha para viabilizar uma candidatura forte o suficiente para derrotar Lira.

O núcleo ideológico do Planalto também argumenta que, apesar de não ser entusiasta da pauta de costumes, a ministra é mais aberta ao diálogo sobre o assunto do que Lira. A pauta é considerada prioritária para os parlamentares bolsonaristas.

Segundo relatos feitos à Folha, Tereza foi consultada por deputados governistas sobre a possibilidade de sair candidata e afirmou que , caso seu nome tenha apoio consistente, coloca-se à disposição.

‘O novo Eduardo Cunha’

O receio do governo é que a exigência por cargos seja uma prática permanente durante uma eventual gestão de Lira, o que deixaria Bolsonaro, nas palavras de um assessor palaciano, em situação de chantagem ininterrupta.

Um aliado do governo define Lira como o “novo Eduardo Cunha”, ex-presidente da Câmara, filiado ao MDB. Ele lembra que, antes de autorizar a abertura de processo de impeachment contra a então presidente Dilma Rousseff (PT), Cunha fez ameaças contra o governo da petista em troca de apoio no Conselho de Ética da Câmara.

Na avaliação dos aliados, ao entrar de cabeça na disputa legislativa, o presidente se tomou refém do líder do Centrão. Para eles, caso Bolsonaro desembarque da candidatura de Lira, o governo enfrentará retaliações de proporções inimagináveis.

Com informações da Folha de S. Paulo