
O procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, que nega frequentemente ser alinhado ao governo de Jair Bolsonaro (PL), cometeu um ato falho que desmente suas próprias argumentações.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, por meio do seu advogado, Ticiano Figueiredo, procurou o PGR na tentativa de se livrar de um depoimento na Polícia Federal (PF) em um processo que investiga o senador Renan Calheiros (MDB-AL).
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O pedido foi exposto por engano pelo próprio Aras em seu status no WhatsApp. A mensagem deveria ser encaminhada a um auxiliar.
O advogado do ministro quis marcar uma reunião fora da agenda com o PGR, nesta quarta-feira (25).
“Seria possível receber o advogado do Paulo Guedes, o dr. Ticiano Figueiredo, por cinco minutos? Assunto: possível dispensa de Paulo Guedes, junto à PF, em processo investigativo contra Renan Calheiros, onde Guedes não é parte”, diz trecho da mensagem.
“Sim. Falaremos por celular e ajustaremos”, é a resposta.
O PGR Augusto Aras vazou a própria conversa no WhatsApp, onde ele recebe um pedido para tentar evitar depoimento de Paulo Guedes à PF. O ministro foi intimado a ser ouvido em um inquérito que investiga o senador Renan Calheiros. Minutos após postar no status, Aras apagou o texto. pic.twitter.com/DClCRzY1W1
— Renato Souza (@reporterenato) May 26, 2022
Os textos foram excluídos por Aras na quarta-feira à noite, minutos depois da publicação, segundo a Folha de S.Paulo.
Paulo Guedes foi chamado para depor no inquérito contra Renan Calheiros por supostas fraudes no Postalis, fundo de pensão dos Correios.
Ministro foi intimado a depor no dia 1 de junho como declarante, ou seja, não investigado
Ao Supremo Tribunal Federal (STF), Ticiano Figueiredo afirmou: “A intimação para prestar depoimento perante a Polícia Federal, ainda que na qualidade de ‘não investigado’, causa constrangimento – sobretudo no caso dos autos, por se tratar de pessoa da alta administração pública – e demanda a observância de determinadas balizas”.
Um Procurador alinhado com governo corrupto
Não é de hoje que Augusto Aras tem se mostrado um defensor ferrenho das atrocidades cometidas pelo governo de Jair Bolsonaro. Por diversas ocasiões, o procurador defendeu as malfeitorias do presidente e seu séquito. Em um dos casos recentes, o procurador-geral da República recorreu da decisão da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), que negou arquivar o inquérito sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso da negociação da vacina Covaxin. O arquivamento havia sido pedido pela PGR, que alegou não ter visto indício de irregularidade na conduta do presidente.