
O acesso à internet chegou a 83% das casas brasileiras em 2020. É o indica a pesquisa TIC Domicílios, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br).
O crescimento do índice foi puxado pelo acesso dos mais pobres. A classe C a proporção de residenciais conectadas é de 91%. Já nas classes D/E o percentual é de 64%. O que representa aumento de 10 e 14 pontos percentuais, respectivamente, na comparação com 2019. Desde 2014, 100% das classes A e B possuem conexão residencial.
Desigualdade persiste
Apesar da evolução e da aceleração do uso impulsionada pela pandemia, que também ajudou a elevar a contratação de banda larga fixa (responde por 69% das conexões), alguns indicativos mostram que a desigualdade digital permanece no Brasil.
Com acesso ainda desigual, mais pobres puxam o índice. De 152 milhões de usuários de internet, 58% acessam somente pelo celular.
Já os usuários de internet, aqueles que acessaram as redes há menos de três meses da entrevista, não necessariamente em casa, chegam a 152 milhões (81% da população), com 83% no meio urbano e 70%, no rural.
O acesso é maior entre as pessoas com maior nível de escolaridade, mais jovens e mais ricas.
Mais da metade (58%) dos usuários brasileiros se conecta somente pelo celular. Esse é o único meio de conexão para 90% dos conectados da classe D/E – 38,5 milhões de pessoas.
O índice cai para 58% na classe C e para 25% e 11% nas classes B e A, respectivamente.
“O uso exclusivo pelo celular limita o desenvolvimento de habilidades digitais que permitam um uso mais profundo da Internet e com benefícios mais tangíveis. Nesse sentido, é apenas um reflexo das desigualdades já existentes na sociedade”, afirma Fábio Storino, coordenador da pesquisa.
Classe C aumenta estudos pela internet
Com as restrições sociais impostas pela crise de covid, a classe C apresentou aumento mais significativo nos cursos a distância (18%, alta de nove pontos percentuais) e estudo por conta própria (45%, alta de oito pontos percentuais). No geral, 44% estudou de maneira independente.
O uso da internet para atividades escolares entre pessoas de 10 a 15 anos foi de 91%.
No geral da população, apenas 45% dos usuários disseram ter realizado pesquisa ou atividades escolares pela internet —na classe A, a proporção foi de 72%. O acesso para curso a distância cresceu de 10% em 2018 para 21% no ano passado.
Os estados brasileiros deverão receber R$ 3,5 bilhões para investir em programas de conectividade. Em março, o presidente Jair Bolsonaro vetou o projeto de lei que previa a internet gratuita a alunos e professores da rede pública. O Congresso derrubou o veto, mas ainda há um impasse para financiar a medida.
A pesquisa ainda indicou alta nas transações financeiras digitais (43%, contra 33% em 2019), com aumento mais expressivo nas classes C e D/E.
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A amostra da TIC Domicílios é de 5.590 casas e 4.129 pessoas, entrevistadas de outubro de 2020 a maio de 2021. Devido à pandemia, a metodologia foi adaptada e a coleta presencial foi substituída em grande parte pela telefônica. Os dados foram divulgados na última quarta-feira (18).
Com informações da Folha de S.Paulo