por Victor Caputo em 17/10/2018.
A Meicai, que corta intermediários entre fazendeiros e cozinheiros, já recebeu mais de US$ 1,5 bilhão em investimentos desde sua fundação.

CHUANJUN LIU, EMPREENDEDOR CHINÊS FUNDADOR DA MEICAI (FOTO: DIVULGAÇÃO/MEICAI).
A startup chinesa Meicai tem chamado atenção de investidores com uma proposta simples e útil: conectar com simplicidade produtores de vegetais e restaurantes, cortando intermediários dessas transações. Após uma recente rodada de investimentos, a startup teria atingido um valor de mercado de mais de US$ 7 bilhões, de acordo com a Bloomberg.
Fundada em 2014 por Liu Chuanjun, a empresa tem como proposta conectar fazendeiros e restaurantes por meio de um app para smartphones. Em apenas um ano de existência, a companhia conseguiu atingir US$ 1 bilhão em valor de mercado e empregar cerca de 9 mil pessoas, de acordo com a Wired. Os benefícios trazidos pela proposta de Liu são, principalmente, a possibilidade de levar vegetais para o ponto de consumo entre 12 e 18 horas. A ideia ainda acabaria com a necessidade de que restaurantes recorram a feiras nas primeiras horas da manhã para a compra de produtos, dando previsibilidade no cardápio do dia.
Mas o aspecto mais importante da Meicai é cortar os intermediáriosentre um fazendeiro e um restaurante. De acordo com o fundador Liu Chuanjun, um estudo profundo realizado sobre a cadeia chinesa mostrou que existem, em média, sete intermediários entre um agricultor e um restaurante que consuma seus produtos — e essas camadas seriam responsáveis por extrair cerca de 90% do valor final dos vegetais.
Na última semana, a Meicai recebeu uma rodada de investimentos série F entre US$ 600 milhões e US$ 800 milhões, levando a companhia a uma avaliação de valor de mercado de cerca de US$ 7 bilhões — no total, já são cerca de US$ 1,5 bilhão captados em investimentos desde 2014. A rodada atual foi liderada pela Tiger Global e a Hillhouse Capital. O dinheiro, disseram fontes à Bloomberg, deve ser usado para expansão no fragmentado mercado chinês de fornecimento de alimentos. O crescimento veloz é evidenciado pela comparação anterior de valor de mercado da startup: em janeiro, após captar US$ 450 milhões, a estimativa era de que a startup valia US$ 2,8 bilhões.
A Meicai apresenta números expressivos. No final do ano passado, afirma a Bloomberg, a startup teria fornecido vegetais a estabelecimentos de mais de 100 cidades chinesas sem qualquer intermediário. A receita teria ultrapassado 10 bilhões de yuans, ou US$ 1,45 bilhão.
O trabalho da companhia funciona graças a parcerias com motoristas que recebem por trabalho. Em conversa com a Wired em 2016, o fundador explicou que estudou os modelos de empresas como Uber ou a chinesa Didi Dache, atual Didi Chuxing, dona do app de mobilidade 99 aqui no Brasil. Os motoristas recebem patentes como sargento, general ou tenente, de acordo com sua pontualidade e qualidade do trabalho.
À frente da companhia, o empreendedor Liu Chuanjun tem uma história de vida curiosa. Nascido durante a política do filho único, que proibia que famílias chinesas tivessem mais de um filho, sua família teve de se esconder durante a infância do rapaz. Ele nasceu na província de Shangdon, ao sul de Beijing, em uma família de agricultores. Talvez isso explique sua relação com empreendimentos relacionados à agricultura.
Antes de fundar a Meicai, Liu começou outro negócio com alimentos orgânicos em 2008 —que faliu após seis meses por questões de “confiança”, explica ele. Depois disso, ele começou um site de compras coletivas, que vendeu em 2013. Passou, então, a estudar profundamente a produção agrícola chinesa. “A inovação vem após a obsessão por um problema por um longo tempo, tentando solucioná-lo em todos os passos do caminho”, disse à Wired.
Fonte: www.epocanegocios.globo.com