
“Se o que o partido acha não tem importância, para que partido?”. A interrogação do deputado federal socialista foi dirigida à Folha de Pernambuco nesta terça-feira (15) pelo deputado federal Tadeu Alencar (PE), um dos integrantes do Diretório Nacional do PSB presentes à reunião da referida instância na última sexta.
A Tadeu, naquele dia, não passou batido um detalhe: “O presidente Carlos Siqueira perguntou cinco vezes se alguém tinha objeção. Foi uma decisão por unanimidade (80×0). Não teve posição contrária e não houve abstenções”.
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Tadeu se refere à recomendação do Diretório Nacional emitida via Resolução nº 001/2020. O texto prevê “fixar com muita clareza a postura oposicionista” do partido ao Governo Bolsonaro e recomenda que a bancada “reafirme a posição do partido, não examinando a hipótese de apoio à candidatura do deputado Arthur Lira à presidência da Câmara Federal, ou a qualquer candidatura oriunda do pleito do Palácio do Planalto”.
“Não tenho dúvidas de que vamos precisar discutir o assunto. A unidade é algo muito caro ao partido”, realçou Tadeu à Folha de PE. E adverte: “A pressa apequena os nossos motivos”.
Em outras palavras, Tadeu sublinhou: “Terminou que, com certeza, ninguém estava querendo apoiar Bolsonaro. Mas ficou parecendo que era isso, o que desencadeou toda uma reação na sociedade e no partido sem contestações. Seria interessante ter um debate. Não se trata de uma decisão monocrática do presidente. O sujeito pode tomar uma série de decisões, inclusive desobedecer orientação. Agora, ela não pode ser ignorada”, disse.
A orientação se deu após a bancada já ter apontado um indicativo, na última quarta, de apoio a Arthur, o que já gerou um ruído entre segmentos de esquerda e na população em geral.
Segundo reporta a jornalista Renata Bezerra de Melo, o deputado Felipe Carreras já avisou que pretende votar em Arthur Lira e alerta: “Recomendação não significa nada para decisão da bancada”. “Ninguém estava querendo apoiar Bolsonaro. Mas ficou parecendo. Essa decisão cabe aos deputados”, afirmou.
Líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ) chegou nesta segunda à Brasília. Há expectativa de que o tema volte a ser debatido esta semana.
Disputa pela presidência da Câmara
Os cinco maiores partidos de centro-esquerda e esquerda (além do PSB, PT, PDT, PCdoB e PSOL) são decisivos para definir a eleição. Isso ocorre uma vez que o restante da Câmara pode se dividir de forma relativamente equivalente entre Lira e o bloco de Maia.
O PSOL deve lançar candidato próprio e o PDT tende a dar a maioria de seus votos para o candidato do atual presidente da Câmara. Nas suas eleições anteriores, Maia contou com o apoio da maioria dos deputados de esquerda.
As eleições para o comando da Câmara dos Deputados estão previstas para 1 de fevereiro de 2021.
Com informações da Folha de Pernambuco