
Você sabia que é possível denunciar um conteúdo inadequado em uma conversa no WhatsApp para o serviço do aplicativo? Esse recurso é encontrado no menu do canto superior direito da tela do app. É quando então o WhatsApp tem acesso às mensagens reportadas.
No entanto, se o aplicativo de bate-papo afirma possuir criptografia de ponta a ponta (end-to-end, ou E2E), como um terceiro interlocutor tem acesso ao conteúdo das mensagens? O especialista da Kaspersky (empresa internacional de segurança virtual), Fabio Assolini, tem explicações a esse respeito.
Segundo reportagem do Olhar Digital, Assolini diz que, de acordo com os Termos e Condições do WhatsApp, se um usuário denunciar um conteúdo inadequado ou reclamar de alguém, o serviço terá acesso às mensagens recentes. Com isso, muitas pessoas concluíram erroneamente que esta situação anula a criptografia E2E.
Algoritmos completamente diferentes
O especialista afirma que é necessário, primeiramente, distinguir como funcionam a criptografia de ponta a ponta e o botão Denunciar, pois são algoritmos completamente diferentes.
A criptografia de ponta a ponta dá ao usuário e ao destinatário uma chave especial para desbloquear e ler as mensagens. Entretanto, isso não significa que um usuário não pode enviar mensagens privadas de seu chat para outra pessoa sem o conhecimento do interlocutor e vice-versa, lembra Assolini.
Já quando é acionado o botão de denunciar, os moderadores do WhatsApp não têm acesso a todos os dados do usuário, mas sim apenas às mensagens que ele deu permissão ao reportá-las.
Portanto, de acordo com o especialista, está incorreto afirmar que o WhatsApp tem acesso a exatamente cinco mensagens recentes, como andam afirmando. “Nossa conclusão é com base nos Termos e Condições da empresa e não há evidências técnicas para suspeitar de algo diferente”.
Perspectivas realistas
Com relação a preocupações com privacidade, Assolini aponta que nenhum tipo de comunicação online pode ser 100% privada. A presença de criptografia e confiança em um aplicativo são coisas completamente diferentes.
Mesmo o bate-papo mais secreto e protegido pode ser capturado em prints de tela ou de outras formas. Além disso, a criptografia E2E não significa que a outra pessoa na conversa não enviará sua mensagem para terceiros, como foi falado acima.
Dúvidas quanto à criptografia de ponta a ponta no WhatsApp aumentaram também recentemente, por conta de uma denúncia. Segundo a ProPublica, o Facebook contrata funcionários em diversas partes do mundo para ler mensagens do WhatsApp e moderar seu conteúdo que, em tese, estaria totalmente privado. Em um comunicado, o Facebook informa que “O WhatsApp fornece uma maneira para as pessoas denunciarem spam ou abuso, o que inclui compartilhar as mensagens mais recentes em um bate-papo”.
Leia também: Oumuamua é tecnologia alienígena? Cientistas usarão IA para descobrir
Investigação diz que Facebook lê mensagens do WhatsApp
Um dos recursos mais importantes do WhatsApp é a privacidade, com a criptografia de ponta a ponta o mensageiro diz que ninguém pode ter acesso ao conteúdo de mensagens trocadas na plataforma, nem mesmo o Facebook, empresa dona do aplicativo. No entanto, uma investigação mostra que isso pode não estar acontecendo.
Segundo a ProPublica, mais de 1.000 trabalhadores contratados enchendo andares de prédios de escritórios em Austin, Texas, Dublin e Cingapura, onde examinam milhões de partes do conteúdo dos usuários”, diz um trecho do documento.
A investigação diz que esses contratados passam o dia lendo conteúdo denunciado por usuários ou sinalizados pelo próprio algoritmo da plataforma. O Facebook alega que os funcionários estão ali para lerem mensagens denunciadas por abuso e que nesses casos podem ter acesso “as mensagens mais recentes enviadas a você pelo usuário ou grupo denunciado no WhatsApp”.
O mensageiro também diz que a criptografia impede que as equipes tenham acesso a mensagens e ligações, mas que apenas no caso de denúncias eles conseguem ver o conteúdo. “O WhatsApp fornece uma maneira para as pessoas denunciarem spam ou abuso, o que inclui compartilhar as mensagens mais recentes em um bate-papo”, diz o comunicado.
“Esse recurso é importante para prevenir o pior abuso na Internet. Discordamos veementemente da noção de que aceitar relatórios que um usuário opta por nos enviar é incompatível com a criptografia de ponta a ponta”, completa.
Com informações do Olhar Digital