
Com Plinio Teodoro
À CPI da Pandemia no Senado, o ex-diretor substituto do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, exonerado em janeiro, o tenente-coronel da reserva Marcelo Blanco da Costa afirmou em depoimento ao colegiado nesta quarta-feira (4) que o policial militar e vendedor Luiz Paulo Dominghetti Pereira, da Davati Medical Supply, o procurou para vender vacinas ao “mercado privado”.
Quem é Marcelo Blanco? Ex-assessor envolvido em suposto pedido de propina será ouvido pela CPI
“Dominghetti me procurou no início de fevereiro e em seguida nós começamos a trocar mensagens onde, da minha parte, sempre que se inicia alguma interlocução da minha parte, eu sempre deixei muito claro, porque foi uma coisa que ele, ao apresentar a proposta dele, ele também dizia que seria destinada ao meio privado, somente necessitando de uma liberação do laboratório AstraZeneca”, disse Blanco, ressaltando que já havia sido deixado o cargo que ocupava no governo Jair Bolsonaro.
Leia também: Coronel Blanco depõe à CPI sobre jantar com suposto pedido de propina
Blanco ainda divulgou áudios trocados com Dominghetti, que mostram a negociação de “vacinas para o privado”.
Relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou que a negociação era “totalmente irregular”. Vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), lembrou que à época não havia nem mesmo a discussão da lei para venda de vacinas ao setor privado.
Acompanhe a CPI no Socialismo Criativo
Siga o depoimento de Marcelo Blanco ao vivo
Coronel Blanco na mira da CPI
O militar entrou na mira da comissão após ter participado de jantar no qual teria havido um pedido de propina de US$ 1 em troca da aquisição da vacina AstraZeneca. Ele era subordinado no Ministério da Saúde a Roberto Ferreira Dias, suposto autor do pedido de propina.
O encontro, que ocorreu no dia 25 de fevereiro deste ano em um restaurante em Brasília, foi revelado pelo policial militar Luiz Paulo Dominghetti. À CPI, Dominghetti, que se apresenta como um vendedor de vacina por intermédio da empresa Davati, afirmou que Marcelo Blanco foi quem o levou para o jantar.
Pela versão de Dominghetti, Roberto Dias condicionou a compra do imunizante ao pagamento de US$ 1 adicional por dose – valor que, supostamente, seria desviado. Blanco teria apresentado Dias a Dominghetti e presenciado essa negociação.