
Nas eleições de 2020, PSL e PT foram as legendas que mais receberam recursos do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário, verbas designadas para gastos de campanha e manutenção das estruturas partidárias. A abundância, porém, não resultou em sucesso nas urnas, como mostra reportagem do Valor Econômico.
Após surfar na onda do triunfo do presidente Jair Bolsonaro em 2018, e não sofrer retenção de parte do dinheiro do Fundo Partidário, como ocorre com o PT, o PSL é a sigla que mais recebeu dinheiro público neste ano. O total foi de R$ 287,3 milhões, somando R$ 199,4 milhões do Fundo Eleitoral e mais R$ 87,8 milhões do Fundo Partidário.
O partido, no entanto, foi só o 12º no ranking de votos recebidos para prefeito. Com 2,8 milhões de votos, o PSL tem a pior taxa de eficiência eleitoral entre as grandes e médias no critério verba/votação. Num exercício contábil simplificado, o custo do voto da sigla foi de R$ 102,89, valor quatro vezes superior à média das outras 14 maiores legendas (R$ 23,98).
Com resultados menos drásticos, mas seguindo a mesma linha, o PT ficou apenas na 6ª posição no ranking de votos recebidos para prefeito. Neste ano, a sigla teve direito à fatia mais robusta do Fundo Eleitoral neste ano, R$ 201,3 milhões. Com outros R$ 74 milhões do Fundo Partidário de janeiro a outubro, os petistas receberam um total de R$ 275,3 milhões de financiamento público em 2020.
Com 7 milhões de votos aos seus candidatos, o PT terminou atrás de MDB, PSDB, PSD, DEM e PP. O custo do voto petista para prefeito foi de R$ 39,49 – mais que o dobro dos quatro partidos mais votados.
Se for analisado o número de prefeitos eleitos, as situações do PSL e do PT ficam ainda piores. O primeiro elegeu 90 prefeitos neste ano, 60 a mais do que em 2016. Mas isso o coloca apenas na 16º posição de partidos com maior número de vitórias em 2020. Já o PT, com 179 prefeituras conquistadas até aqui, é apenas o 11º na lista de prefeitos eleitos.
Fundo Eleitoral
O Fundo Eleitoral foi criado para compensar a proibição do financiamento empresarial de campanhas, pivô de sucessivas décadas de escândalos políticos. Segundo o cientista político Bruno Carazza também era outra a natureza da distribuição:
“A lógica empresarial era diferente da lógica desses fundos. Empresário não distribuía dinheiro a esmo, com viés ideológico ou com base na eleição passada. Ele dava mais para quem ele achava que iria ganhar. Olhava para frente. Então o resultado das urnas tendia a ser mesmo mais coerente com o ranking do dinheiro recebido por cada partido”.
Na visão de Carazza, os recursos hoje levam em consideração os resultados das eleições de 2018, ano de uma disputa muito polarizada entre PSL e PT. Atualmente, a situação de cada partido se modificou.
“O PSL era um partido nanico e só teve essa montanha de dinheiro por causa do impulso dado por Bolsonaro. Mas é partido sem estrutura, sem capilaridade, sem nomes competitivos. Então não tinha nem onde gastar. Já o PT também teve muito dinheiro, mas enfrenta enorme desgaste de imagem. E, ficou claro, tem problemas de renovação”, avalia o especialista.
Com informações do Valor Econômico