
Integrantes do movimento antivacina, insuflados pelas recentes manifestações de Jair Bolsonaro (sem partido), prometem realizar uma “manifestação nacional” contra a obrigatoriedade do imunizante para a Covid-19 no próximo dia 1º de novembro.
Em um vídeo postado nas redes sociais, um grupo de pouco mais de 15 pessoas encena uma performance na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Na gravação, além de acusarem o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), e o líder chinês Xi Jinping de imporem a vacina compulsória à população, o bando corre em direção ao Palácio do Planalto em busca do suposto socorro que virá do presidente. Tanto Dória quanto Xi estão representados no “espetáculo”. (veja vídeo abaixo)
Ao convocar aliados, a narradora que descreve o passo a passo da cena afirma ainda que o vídeo foi gravado no último dia 25 de outubro, um dia depois do ex-capitão do Exército defender, em tom de piada, que a imposição de vacinas só se aplicam a cachorros. “Vacina obrigatória só aqui no Faísca”, publicou, junto com uma foto ao lado do seu cachorro no Palácio do Alvorada.
“25 de outubro de 2020. Vacina Obrigatória não! O povo correndo, pedindo socorro ao nosso presidente. Xi Jinping. Dória. Dória querendo obrigar o povo à vacina. O povo diz não! Dia 1º, manifestação nacional contra a obrigatoriedade da vacina. Esse é o nosso protesto. Não à vacina obrigatória. Agora o povo reage. Vamos reagir, povo. Não aceitamos. Não aceitamos essa vacina obrigatória. O país que criou o vírus é o mesmo que quer obrigar o povo a ser vacinado”, diz a mulher, sem identificação.
Bolsonaro e o incentivo antivacina
Na última segunda-feira (26), diante de apoiadores, o presidente voltou a afirmar que não entendia a pressa da população e que considerava mais interessante investir na cura para o coronavírus do que na vacina contra a doença.
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O mesmo ocorreu na semana anterior, ao atacar a produção da Coronavac, vacina que vem sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan, um dos maiores centros de pesquisa biomédica do mundo, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac Biotech. Após o Ministério da Saúde afirmar que havia solicitado 46 milhões de doses da vacina, Bolsonaro barrou a compra e afirmou que “o povo brasileiro não seria cobaia da vacina chinesa”.
Um dos 10 desafios para a saúde
Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia alertado que o movimento antivacina era um dos 10 desafios para a saúde. Diante do impacto da pandemia e a corrida mundial pela descoberta de um anti-viral que contenha a doença, a preocupação com as declarações do presidente brasileiro vêm chamando a atenção de especialistas em saúde, entidades médicas e também de parlamentares.
Porta-voz da entidade, Margaret Harris, afirmou na semana passada que a entidade escolhe as vacinas e que as apoia com base em critérios científicos e não pela nacionalidade da empresa que as desenvolvem. A declaração foi dada após Margaret ser questionada sobre a decisão de Jair Bolsonaro de não comprar vacinas chinesas.
“Nós escolhemos a ciência. [A questão] não é a respeito da nacionalidade, e essa é a beleza de ser multilateral, esse é o ponto da ONU. Nós escolhemos a ciência e deveremos escolher a melhor vacina. E como se sabe, não vamos apoiar nenhuma vacina até que seja provado que ela teve o mais alto padrão de segurança e o nível certo de eficácia.”
Até o momento, a Covid-19 já provocou a morte de quase 160 mil pessoas no Brasil.