O presidente Jair Bolsonaro se irritou com a postura do PSL perante as votações do novo Fundeb, pois mostrou a fragilidade na articulação do líder do governo na Câmara

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) avalia passar ao Centrão a liderança do governo na Câmara e até o comando do Ministério da Saúde, após se sentir traído por PSL.
A intenção teria sido reforçada após a aprovação, na Câmara, da proposta que torna permanente o Fundeb, principal mecanismo de financiamento da educação básica no país. Inicialmente, o governo tentou desidratar o texto e adiar a vigência do fundo para 2022.
Mas com o risco de derrota, passou a apoiar a proposta em troca do compromisso de líderes partidários de endossar a criação do Renda Brasil, projeto de assistência social que pode substituir o Bolsa Família.
No entanto, seis deputados bolsonaristas do PSL votaram no primeiro turno contra o Fundeb, mesmo com a mudança de posição do governo. A atitude teria exposto uma fragilidade na articulação do Planalto e passado a impressão de derrota, o que irritou Bolsonaro.
“Seis ou sete votaram contra. Se votaram contra, eles devem ter os seus motivos. Só perguntar para eles por que votaram contra. Agora, alguns dizem que a minha bancada votou contra. A minha bancada não tem seis ou sete, não. A minha bancada é bem maior do que essa aí”, disse Bolsonaro nessa quarta-feira (22) em frente ao Palácio da Alvorada.
PSL enfraquecido no Planalto
Na noite dessa quarta-feira (22), o Planalto pediu a dispensa da deputada Bia Kicis (PSL-DF) da vice-liderança do governo no Congresso. Ela foi um dos votos contrários ao Fundeb.
O partido, que já abrigou o próprio presidente Jair Bolsonaro, é também o do líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (GO). No entanto, o presidente já avalia acomodar Vitor Hugo, aliado de primeira hora, em uma autarquia federal e nomear o deputado Ricardo Barros (PP-PR) como líder do governo.
A intenção do presidente é repetir o modelo adotado no Senado, onde a liderança já é exercida por uma sigla do centrão, o MDB. E, na avaliação da cúpula do governo, ela tem sido estratégica para garantir o apoio no bloco partidário.
Com a mudança, o governo ganha força em futuras votações importantes, como a reforma tributária, e atende a um pleito dos deputados do centrão, que têm feito pressão por uma troca na articulação política.
Ministério da Saúde
A ideia é que o comando da liderança do governo sirva também como uma espécie de “test-drive” para Barros, que está sendo cotado também para assumir o Ministério da Saúde após a saída do atual ministro, o general Eduardo Pazuello. O militar já disse ao presidente que, após o arrefecimento da pandemia, deixará a pasta.
Barros é engenheiro e foi ministro da Saúde entre 2016 e 2018, no governo Michel Temer (MDB). Sua gestão é elogiada pela atual cúpula militar.
Com informações da Folha de S. Paulo