
A exoneração de Mastroiane Bento Dias da Agência Nacional de Cinema (Ancine) repercutiu mal dentro e fora do órgão, chegando até o Congresso Nacional. Segundo a Carta Capital, deputados articulam uma convocação do diretor-presidente interino da Ancine, Alex Braga Muniz, para que ele explique ações do órgão contrárias à sua função de fomento a projetos audiovisuais.
De acordo com a coluna Farofafá, escrita por Jotabê Medeiros na Carta Capital, um ofício da Superintendência de Desenvolvimento Econômico (SDE) determinava a suspensão de contratações (de novos projetos). Em artigo, Medeiros critica a situação, afirmando que a “Ancine boicota a própria Ancine”, Segundo artigo, Mastroiane teria sido afastado por se recusar a paralisar análises de financiamento de filmes.
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Solidário a Dias, o servidor Ramon Garcia Xavier, técnico da Superintendência de Desenvolvimento Econômico (SDE), pediu exoneração. O gesto fez a crise atingir o ápice, destaca o colunista.
Jotabê Medeiros conta que nas redes socais, diversos servidores têm manifestado nas redes sociais seu repúdio pelo afastamento, que julgam perseguição. De acordo com a coluna, Xavier descreve em carta de despedida um clima pesado na Ancine que teria afetado sua vida pessoal desde a antiga diretoria, afastada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Na avaliação do colunista, o aparelhamento político da agência teria se intensifico na gestão de Alex Braga Muniz.
Ancine pouco fez para mitigar prejuízos ao setor
Enquanto a agência de fomento ao cinema e o audiovisual brasileiros se mantém imersa em conflitos internos, o setor acumula prejuízos. Com os cinemas fechados por conta da pandemia, o setor estimava perdas em torno de R$ 1,2 bilhão no Brasil até o fim de junho.
E o problema se prolonga mesmo após recente reunião do Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual, que prometeu R$ 400 milhões para a retomada do setor. A reunião foi chamada pelo Ministério do Turismo, que agrega em sua estrutura a pasta da Cultura onde fica a Ancine.
Suspeita de, propositalmente, paralisar recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), a instituição ainda é alvo de investigação do Tribunal de Contas da União (TCU).
Além disso, a justiça já concedeu a produtoras diversas liminares para que a Ancine analise processos de filmes que podem ser beneficiados pela Lei do Audiovisual.
Atualmente, estão paralisados no fundo recursos estimados em R$ 724 milhões.
Com informações de Carta Capital e Época