por redação Socialismo Criativo em 21/08/2018.
Parque é referência nacional
O economista pernambucano deixa a presidência do Porto Digital com legado de sucesso para as inovações e Economia Criativa em Pernambuco.
A última década foi de intenso trabalho para Francisco Saboya, membro da presidência executiva do Porto Digital (PD), considerado o maior parque tecnológico da Brasil, localizado em Pernambuco. O economista anunciou, neste mês, que está se despedindo do Núcleo de Gestão do Porto Digital (NGPD), permanecendo como CEO, ali, somente até o dia 30 de outubro.
“Assumi essa função há exatos 11 anos, a convite do presidente do Conselho, Silvio Meira, e Cláudio Marinho, conselheiro fundador do NGPD. Era um momento de transição e de muitos desafios, em especial o de alavancar o parque tecnológico para um plano sem retorno, com projetos relevantes para o desenvolvimento de novos negócios, com gestão profissional, conexões institucionais firmes e sustentação financeira”
Quem é Francisco Saboya.
Em 1982, Saboya graduou-se em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em 2006, pela mesma instituição, concluiu o mestrado em Engenharia de Produção. Como professor, ministra aulas de Macroeconomia e Gestão de Sistemas e Tecnologias da Informação na Faculdade de Ciências da Administração da Universidade de Pernambuco, FCAP-UPE. No final da década de 1990, foi secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo do Município do Cabo de Santo Agostinho. Pouco antes, em 1995 e 1996, foi diretor Comercial da Empresa Pernambucana de Turismo. Seu campo de atuação engloba ainda atividades consultoria para empresas em áreas de planejamento estratégico, engenharia de processos, reestruturação organizacional, gestão da inovação e gestão do conhecimento nos mercados público e privado. Em agosto de 2007, assumiu o cargo de diretor-presidente do Porto Digital.
A experiência de Saboya está para além da gestão. O senso prático e ao sonho de realizar algo, cobrados, muitas vezes, para ideias de negócios foram potencializados no economista pernambucano: Francisco Saboya é um empreendedor de empreendedorismos. Seus negócios de risco são as apostas nas articulações que possibilitam que a inovação e a economia se encontrem. Os investimentos de olhar tarimbado movimentaram, sobretudo nos últimos dez anos, projetos dos mais diversos portes, para novas dinâmicas de mercado, de inovações para recentes necessidades dos grandes centros ou para aproveitamento de saberes de uma comunidade tradicional. O Porto Digital é uma marca destes trabalhos. “Queríamos consolidar o PD como uma plataforma para a nova economia de Pernambuco. Acredito que estamos no caminho certo”, considera o economista.
Porto Digital
O Porto Digital é um grande laboratório de experiências em Inovação Tecnológica e Economia Criativa dinamizadas por necessidades, sobretudo, de centros urbanos. Seu movimento constante de novas oportunidades está diretamente ligado ao perfil de seus negócios. Entre suas atuações, está a gestão de projetos voltados ao setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), além do foco no futuro das cidades por meio de prototipação com base em fabricação digital e internet das coisas (IoT). Tem, entre seus objetivos, desenvolver ambiente favorável à criação de novos negócios na área de inovação, com incubadoras de empresas nos seus segmentos de atuação, que oferecem um ano de formação às startups.
A iniciativa segue o modelo de desenvolvimento de tripla hélice (Triple Helix): é uma ação coordenada em parceria entre o Governo do Estado de Pernambuco, instituições de pesquisa e empresas do setor privado. A convergência dessas três colunas fortaleceu o alcance de resultados, englobando todas as etapas de iniciativas de Economia Criativa possíveis no parque, desde as primeiras propostas de realização de um projeto até a outra extremidade, de negócios, comercializações.
Instalado no Centro Histórico da capital pernambucana, o Porto Digital é um parque urbano que alcança uma área de 170 hectares, entre os bairros do Recife, Santo Antônio, São José e Santo Amaro. Inicialmente, era formado por apenas três empresas e menos de 50 pessoas, no início dos anos 2000. De lá para cá, multiplicou-se cem vezes o número de empresas, organizações de fomento e órgãos de governo envolvidos, passando para 300, além de reunir, hoje, 8.500 profissionais e 850 empreendedores. O faturamento anual das iniciativas, que compõem um ecossistema com empresas de diversos portes, de startups a multinacionais, é de mais de R$ 1,5 bilhão.
Toda essa movimentação provocou uma reocupação nas áreas onde o Porto Digital está instalado. A região, antes degradada, veio sendo requalificada na última década, o que devolveu potencial econômico ao centro de Recife em termos urbanísticos, imobiliários e no tangente ao aproveitamento do patrimônio histórico edificado. Já foram restaurados mais de 84 mil metros quadrados de imóveis históricos.
Portomídia e outros projetos
O Portomídia, por exemplo, é um projeto formado por laboratório de finalização, de edição de imagem, animação e ilustração, pré-mixagem e de correção de cor e mixagem. Abriga, também, diversos programas de qualificação, exibição e desenvolvimento nas áreas de design, cine-vídeo-animação, games, mídias digitais, fotografia e música.
A Jump é outra das atividades. É uma aceleradora de empreendimentos voltada para startups de alto potencial de crescimento, que contam com mentorias e aporte financeiro da instituição durante o ciclo de seis meses da aceleração.
Dentro da proposta da tripla hélice, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) quem se faz presente no ecossistema do Porto Digital oferecendo parceria na formação de jovens empreendedores. Há, em um dos campi da universidade, o Pitch – Conexões Empreendedoras, o primeiro espaço físico do Porto Digital na UFPE, consolidando parceria de 15 anos.

O L.O.U.Co é um makerspace com equipamentos de ponta, onde estudantes e os inovadores do Porto Digital podem construir e testar protótipos.
Também há, no Porto Digital, o Laboratório de Objetos Urbanos Conectados (L.O.U.Co), que tem a pretensão é alcançar cada vez mais espaços com ambientes para experimentação, desenvolvimento e prototipagem em fabricação digital e internet das coisas. O L.O.U.Co oferece equipamentos para impressão e de scanner 3D, cortadora laser, fresa de precisão e uma biblioteca de softwares e sensores que permitem a estudantes, startups e empresas desenvolverem, desde a ideação até o protótipo final, soluções para o bem-estar das grandes cidades.
Interiorização
Além das atividades em Recife, o Porto Digital ampliou seu alcance para o município Caruaru, no Agreste Pernambucano. O projeto Armazém da Criatividade, criado em 2016 e seguindo os conceitos do Portomídia, apresenta estrutura, incubadoras e crédito próprios para desenvolver empresas em diversas áreas temáticas, realçando as vocações ligadas à cadeia produtiva do setor têxtil, uma das principais marcas da região.
Há, no projeto de Caruaru, espaços com estruturas coletivas para trabalhos, reuniões, treinamentos, laboratórios para criação, de fotografia, de música e de edição de imagem e plotter de impressão. Essa é uma das primeiras ações voltadas à ampliação do Porto Digital pelo interior pernambucano.