Responsável por números usados pela Casa Branca, em Washington, Ali Mokdad confessa ser muito difícil dizer que 125 mil pessoas vão morrer no Brasil até agosto, pois não se trata apenas de um número e sim de famílias, amigos

O avanço da pandemia no Brasil é observado de forma um tanto sombria pelo responsável por parte das projeções feitas pelo Instituto de Métrica da Universidade de Washington (IHME), Ali Mokdad. Na segunda-feira (25), o instituto atualizou para cima a expectativa de mortes pela doença no país: de 88 mil para mais de 125 mil óbitos previstos até agosto.
Em entrevista à Folha, Mokdad diz que a tendência de casos e mortes no país é de alta e que a situação pode ser ainda pior se governo e população não levarem a crise a sério e adotarem “lockdown” por duas semanas.
Desde o meio de maio, ele e sua equipe acompanham a progressão do vírus entre brasileiros, com conclusões nada animadoras.
“As infeções e mortes vão crescer e, o mais assustador, haverá a sobrecarga total do sistema de saúde”, disse ao jornal.
Mas, caso cumpra o confinamento total por 14 dias, explica Mokdad, o país conseguirá controlar a propagação do vírus, além de fazer a reabertura das atividades econômicas de forma mais rápida.
Para isso ele defende, além do uso de máscara e, para quem precisar sair de casa, a distância de 2 metros entre as pessoas, o fechamento de alguns estabelecimentos não essenciais como medidas estratégicas.
“Fechar escolas e universidades, impedir grandes aglomerações e encontros de pessoas, fechar os estabelecimentos não essenciais, igrejas, templos e locais religiosos. Nos locais essenciais, como mercados e farmácias, é preciso estabelecer regras, limitando o número de pessoas dentro, garantindo que elas se mantenham distantes umas das outras“.
Embora o especialista em saúde pública admita receber críticas por ter um modelo que varia bastante, ele conclui que para a pandemia prefere que suas projeções se ajustem ao tempo. Em Washington (EUA), o IHME é uma referência para a Casa Branca em modelos para números da Covid-19.
“Se os brasileiros ficarem em casa por duas semanas, meus números vão baixar. E não porque fiz algo errado, mas porque os brasileiros fizeram algo certo.”
Pode ler AQUI a entrevista completa.