
A Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) divulgou nesta segunda-feira (18) um parecer científico contrário ao uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. O comitê científico e a diretoria da entidade afirmam que é ainda é “precoce” a recomendação para uso do medicamento, “visto que diferentes estudos mostram não haver benefícios para os pacientes que utilizaram hidroxicloroquina”.
A entidade alerta que, por tratar-se de um medicamento com “efeitos adversos graves”, indica que sejam “aguardados os resultados dos estudos randomizados em andamento, incluindo o estudo coordenado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), para obter uma melhor conclusão quanto à real eficácia da hidroxicloroquina e suas associações para o tratamento da covid-19”, diz um trecho do documento.
Alerta
No mesmo parecer, os autores afirmam que o amplo uso desses medicamentos no tratamento da covid-19 é “perigoso” e que a inclusão da substância nos protocolos médicos “tomou um aspecto político inesperado”. “Nenhum cientista é contra qualquer tipo de tratamento, somos todos a favor de encontrar o melhor tratamento possível, mas sempre com bases em evidências científicas sólidas.”
Apesar de recordar que o Brasil é o quarto país em número de casos registrados da doença e que estudos sugerem que esse número está subestimado, representantes reafirmam o compromisso da classe médica. “A avaliação de possíveis novas terapias, assim como o reposicionamento de fármacos, têm sido alvo de intensa investigação científica, sendo uma das principais prioridades da comunidade científica mundial” neste momento.
The Lancet
A SBI também afirma que subscreve o artigo publicado pela revista médica The Lancet (2020), no início do mês de maio, no qual afirma que a maior ameaça ao Brasil é o atual presidente Jair Bolsonaro. O comitê ainda reforça o “engajamento da sociedade brasileira é fundamental para superar a grande crise sanitária que estamos vivendo e que a condução para as soluções devem ser fundamentadas em bases científicas multidisciplinares sólidas, como uma política de Estado”.